Hoje, quinta, tem Assembléia
Nacional
AFRF de todo o Brasil reúnem-se em Assembléia
Nacional para decidir como prosseguir na luta contra a Reforma da Previdência.
Uma das decisões a se tomar é a participação,
ou não, na paralisação de 24 horas marcada para
o dia 28 de outubro, próxima terça, Dia do Servidor Público.
A manifestação foi aprovada na plenária da CNESF
e deverá ser ratificada em assembléia pelas entidades
que a compõem.
A DS/RJ defende que o trabalho parlamentar seja intensificado
daqui até o dia da votação. Nos últimas
dias, o governo tem acenado com a possibilidade de fazer concessões
na paridade para preservar o senador Paulo Paim (PT/RS), que apresentou
emenda formulada pelo Unafisco para garantir a paridade para os atuais
servidores. O trabalho parlamentar e as mobilizações fortalecem
os senadores que lutam por mudanças na Reforma de Previdência.
Horários das assembléias
Aeroporto 10:30h
Porto 10:30h
Nova Iguaçu 11:00h
Min. da Fazenda 14:30h
Contra a Reforma da Previdência
Hoje às 11:30h, haverá um ato público
no Buraco do Lume contra a Reforma da Previdência, organizado
pelo Fórum Fluminense em Defesa da Previdência Pública,
do qual a DS/RJ faz parte.
Dia 27 não haverá expediente
na DS
No próximo dia 27 não haverá expediente
na DS/RJ por motivo de obras e da antecipação do feriado
do dia dos Servidores Públicos.
Política tributária
de Lula repete FHC
A DS/RJ tem participado, nas últimas semanas, de
diversos debates sobre a Reforma Tributária defendida pelo governo
no Congresso Nacional. Nestas ocasiões, ressalta os malefícios
causados pela política tributária adotada pelo governo
federal nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que estendeu
um tapete vermelho para o capital e tributou com vigor o trabalho. Na
comparação entre os anos de 1996 e 2001, o Imposto de
Renda retido na fonte para os rendimentos do trabalho aumentou de 41%
para 49% do total arrecadado, enquanto sobre os rendimentos do capital
caiu de 59% para 51% no mesmo período. É apenas um exemplo,
dentre tantos possíveis.
A confirmação, nos jornais de ontem, quarta,
da isenção da CPMF para a movimentação entre
contas de investimento é mais uma prova de que a orientação
tributária do governo Lula não se diferencia do governo
anterior. Na mesma época em que isentou da CPMF as aplicações
nas Bolsas de Valores, FHC negou a correção da tabela
do Imposto de Renda. O Unafisco lançou a campanha Chega de Confisco
que, um ano mais tarde, resultaria na correção parcial
da tabela.
Agora a história se repete. Ao mesmo tempo em que
o Chefe do Gabinete da Casa Civil, José Dirceu, dá declarações
negando aos trabalhadores a correção da tabela do IR
medida que o PT sempre defendeu na oposição vem
a proposta de extensão da isenção da CPMF para
transações de capital.
O jornalista Elio Gaspari, ontem, no O Globo, criticou
a Reforma Tributária do governo (veja a íntegra no verso),
que cria facilidades para o capital, em uma ponta, e adota políticas
compensatórias para os trabalhadores de baixa de renda na outra.
Como ele diz, quem estiver no meio, tomará bala petista.
O achatamento da classe média no Brasil é um fenômeno
tão expressivo, que no exterior esta política é
conhecida entre os economistas como brazilinization.
Caso não haja uma mudança radical nos rumos
da política tributária do atual governo, a esperança
pagará mais impostos e o medo ainda menos, com um aprofundamento
brutal das desigualdades sociais nos próximos anos. Algo impensável
antes da eleição de Lula.
Veja o artigo de Elio Gaspari
O Globo - 22/10/2003
Elio Gaspari
Depois da bala perdida, a bala petista
Reforma tributária é coisa a respeito da
qual todos têm opinião e estão dispostos a fazer
tudo para defender seus interesses, menos ler sobre ela. Pena, porque
quanto menos o sujeito lê, maior é a tunga que toma.
A ekipekonômica de Lula prepara-se para mais uma
reforma tributária no melhor estilo de Pindorama. Toma mais de
quem não tem para tomar menos de quem tem. Temia-se o populismo,
mas preservou-se o nababismo.
O cidadão tem R$ 1 milhão no banco e gosta
de mover seu dinheiro, indo de fundos de renda fixa para aplicações
cambiais ou carteiras de ações. Esse pobre miserável
muitas vezes não consegue fazer três refeições
por dia (por falta de tempo). Ele é obrigado a pagar a CPMF a
cada movimento que faz com seu dinheiro. Uma verdadeira injustiça.
O mercado é pai e manteve o doutor Joaquim Levy na ekipekonômica.
Ele é o atual secretário do Tesouro, e sustenta a necessidade
de se isentar esses pobres investidores do pagamento da CPMF. Nas suas
palavras: A idéia é o investidor entrar num ambiente
no qual pode se movimentar sem pagar CPMF. Uma espécie
de carro blindado para proteger o andar de cima do Fisco.
O doutor Levy é um sábio. Quer criar um
ambiente especial para os investidores. (As aplicações
na Bolsa não pagam CPMF. As aplicações de injeção
pagam.)
Que tal um ambiente para os desempregados?
Ou para os cheques com os quais os desempregados pagam o colégio
de seus filhos? Ou a saúde dos familiares? Sempre é bom
lembrar que em São Paulo há dois doutores desempregados
para cada analfabeto desocupado.
Dirá o pessoal da ekipekonômica que esse
tipo de proposta é demagógica. Falando francamente, é,
porque seria muito difícil fazê-la funcionar. Se fosse
fácil, seria adotada.
Seria fácil fazer funcionar a proposta do senador
Jorge Bornhausen, do PFL, pela qual o que se venha a pagar de CPMF possa
ser deduzido do que se deva ao Imposto de Renda. Ou a do senador Tasso
Jereissati, do PSDB, pela qual sempre que a arrecadação
for maior do que a inflação, a alíquota da CPMF
cai 0,01%. Diz o doutor Antonio Palocci que essas propostas são
ruins porque reduzem a arrecadação. Poderia informar se
o CPMF-Zero para aplicações financeiras aumenta arrecadação?
A questão está na outra ponta, na plutofilia.
Assim como o demagogo quer arrastar consigo a patuléia, o plutófilo
adora cuidar do alpiste do andar de cima.
A CPMF-Zero é coisa de plutófilo. Surge
no momento em que o PT-Federal perfilha a universalização
das taxas de iluminação e de lixo. Elas permitirão
aos municípios que cobrem taxa de iluminação pública,
com base no consumo residencial, mesmo em bairros onde iluminação
pública não há.
À primeira vista, a plutofilia de Lula faz parte
do pesadelo do ajuste fiscal. Talvez não. Um sábio que
entende de números e de políticas públicas resume
seu medo: Você pode muito bem ter um país com o 1%
mais rico feliz com os rendimentos do capital e os 40% mais pobres encantados
com os plásticos do Bolsa Escola. Quem estiver no meio,
tomará bala petista.
