Fortalecer a greve é tarefa
de todos os AFRF
Ato público expressa indignação da categoria
com tratamento discriminatório
O governo federal apresentou aos AFRF uma proposta inaceitável
quebra da paridade, nenhum reajuste no vencimento básico,
gratificação vinculada a incremento da Receita sem especificação
de critérios, nenhuma solução para o fosso salarial,
entre outros problemas. A categoria rejeitou o pacote por 96% e decretou
a continuidade da greve por tempo indeterminado. Queremos negociar,
mas é preciso que o governo entre de fato na negociação.
Até o momento, nenhum dos itens da pauta de reivindicação
foi alvo de uma contra-proposta séria. Apesar de atender a todos
os pedidos de prazo solicitados pelo governo, os AFRF receberam, a cada
vez, uma proposta piorada.
O governo, numa atitude de profundo desrespeito com os AFRF, enviou
a matéria ao Congresso Nacional quando as negociações
ainda estavam em curso. Somados às ameaças de corte de
ponto, são demonstrações cabais de que o governo
preferiu o caminho do confronto. Vamos manter a serenidade e a greve.
Temos que gerenciar o nosso movimento para atingir os objetivos. O momento
é de fortalecer a paralisação em todas as áreas
para que a pressão externa empresários e mídia,
principalmente forcem o governo a negociar de fato.
Ato Público no Porto terá
a marca da união
AFRF de várias localidades já confirmaram presença
O Comando Nacional de Mobilização deliberou
por fazer desta quarta-feira, dia 19, o Dia Nacional de Mobilização
dos AFRF. Em todo o Brasil, haverá protestos e atos públicos.
Aqui no Rio, a DS/RJ e o Comando Regional de Mobilização/RJ
definiram que as manifestações serão nas alfândegas
do Porto e do Aeroporto, com a participação de AFRF de
todas as unidades. Neste dia, a paralisação precisa ser
total em cada unidade. Nas aduanas, ao invés de operaçãopadrão,
o objetivo é parar o tráfego das cargas. Haverá
ônibus alugados pela DS/RJ para levar os colegas para o ato.
A concentração será na escadaria do Ministério
da Fazenda, na Rua Debret, às 09:30h. Até a tarde de ontem,
dia 17, mais de 100 AFRF haviam confirmado a presença.
AFRF que ocupam chefias começam a se mobilizar.
Veja nas páginas 2, 3 e 4
Administradores reconhecem que a greve
é justa
A Secretaria da Receita Federal é um órgão
estratégico para a gestão do Estado e seu corpo funcional
não pode ficar sujeito nem a políticas de governo nem
a injunções da economia, como pretendem o presidente Lula
e seus ministros. A SRF não deve se tornar uma mera instância
coletora de impostos, e sim planejar e executar uma política
tributária justa, em benefício da sociedade e do país.
Esse entendimento é patrimônio histórico dos Auditores-Fiscais
da Receita Federal e não será uns incertos trocados que
isso irá mudar. Muito pelo contrário, em reação
ao rebaixamento salarial, muitos colegas têm preferido deixar
a Receita do que admitir a sua vulgarização.
Sempre que há necessidade de a categoria recorrer
à greve, as chefias se vêem diante de situações
delicadas. Naturalmente, o governo pressiona, determinando retaliação
aos grevistas. Ao mesmo tempo, a maioria das chefias é ocupada
por AFRF solidários ao movimento. Ainda que haja dificuldade
para expressá-lo, por motivos óbvios, já é
possível notar mudanças qualitativas na postura das chefias.
Este grau elevado de consideração pela Instituição
é o que garante que até hoje a SRF tenha resistido a investidas
de quem quer vê-la fragilizada e submissa. Daí a importância
dos documentos transcritos abaixo:
Boletim Nacional - 29 de abril/2004
Em Bauru, chefias cogitam hipótese
de entregar cargos
Os auditores-fiscais da Receita Federal em Bauru participaram
ontem de reunião com o delegado da RF local para manifestar sua
insatisfação com o descaso do governo em relação
à greve da categoria. Os colegas convidaram o delegado a participar
do movimento, e ele se disse alinhado com os nossos pleitos, bem como
se mostrou disposto a levar nossa indignação e disposição
de luta até a alta administração da SRF. Da
mesma maneira, os colegas ocupantes de cargos de chefia também
demonstraram seu inconformismo e, em virtude da justiça de nossas
reivindicações e em respeito às próprias
consciências e à nossa instituição, aventaram
a hipótese de entrega dos cargos que ocupam, propondo inclusive
a ampliação desta medida por todo o país,
afirma a DS/Bauru, no manifesto aprovado na assembléia de ontem,
que segue anexo.
Manifesto dos AFRFs de Bauru
Nós, Auditores-Fiscais da Receita Federal em Bauru,
nos reunimos na data de hoje com o AFRF que atualmente ocupa o cargo
de Delegado da Receita Federal em Bauru. Nesta conversa entre colegas,
ficou claro que é geral a insatisfação com o descaso
dispensado à categoria dos AFRFs, servidores de Estado fundamentais
para concretizar a justiça fiscal, e à Secretaria da Receita
Federal, órgão de Estado que tem encontrado obstáculos
sem fim para cumprir sua missão institucional.
Ao conclamá-lo a participar do nosso movimento reivindicatório,
no qual estamos forte e maciçamente engajados, o colega delegado
se manifestou alinhado aos pleitos da categoria e mostrou-se disposto
a levar nossa indignação e disposição de
luta até a alta administração da SRF.
Da mesma maneira, os colegas ocupantes de cargos de chefia também
demonstraram seu inconformismo e, em virtude da justiça de nossas
reivindicações e em respeito às próprias
consciências e à nossa instituição, aventaram
a hipótese de entrega dos cargos que ocupam, propondo inclusive
a ampliação desta medida por todo o país.
Assim, instamos a todos os AFRFs em cargos de administração
a lutar ferrenhamente pela recuperação do prestígio
da nossa carreira e da SRF, o que passa pela remuneração
condizente com a complexidade e responsabilidades inerentes ao nosso
trabalho, o que poderá ser alcançado mais rapidamente
com a cooperação e o empenho dos colegas administradores.
Bauru (SP), 27 de Abril de 2004.
Adilson Alvarenga Moreira, com mais 23 assinaturas
Boletim Nacional - 29 de abril/2004
DRF de Presidente Prudente dá
exemplo de luta sindical
Vale a pena destacar a posição do colega
Ivan Silveira Malheiros, que ocupa o cargo de delegado da Receita Federal
de Presidente Prudente (SP). Ele escreveu uma carta aos AFRFs que também
ocupam cargo de chefia, esclarecendo os motivos da mobilização
que realizamos agora e demonstrando, ao mesmo tempo, preocupação
com a SRF. Transcrevemos abaixo o texto enviado por Ivan por meio do
Notes.
Srs. Administradores, colegas,
Em relação aos acontecimentos que temos
vivenciado que atingem diretamente a Administração desta
casa a que tanto nos dedicamos e, mais profundamente, atinge o seio
da categoria AFRF - Somente os ensurdidos podem dizer que os Auditores-Fiscais
da Receita Federal não sentem o desânimo por serem tratados
de forma tão desigual aos pares da PFN. Quem acha que as atribuições
dos PFN e outros da área jurídica são mais importantes
que as atribuições da carreira dos AFRF? A carreira é
uníssona em questionar a falta de consideração
do governo em atender um só pleito apresentado pelas assembléias
da categoria - sobre esta crescente insatisfação existe
uma repercussão surda. Não se trata da greve em si, que
prejudica a Administração da SRF, a credibilidade do país
no comércio exterior denigre igualmente a imagem do governo e
do servidor público perante a opinião pública.
Falo do descontentamento, do desânimo e da revolta que a anisomelia
de tratamento insculpe no âmago dos indivíduos atingidos.
Senhores, é preciso olhar sob a lente da empatia e ver que as
cicatrizes podem ser ainda maiores do que o simples orgulho ferido.
Com a minha determinação de que os chefes apresentassem
diariamente o quadro de paralisações de suas respectivas
áreas jurisdicionadas, recebi quatro pedidos de dispensa dos
respectivos cargos, todos eles ocupados por AFRF. Eles não exerciam
a chefia para obter vantagem pecuniária, disso nós sabemos
muito bem. O faziam, por absoluta abnegação, profissionalismo,
amor à casa e por acreditarem que poderiam contribuir para o
crescimento da SRF e da Administração Tributária
Brasileira.
Sentimentos abalados pelos acontecimentos. A tristeza destes colegas,
bons profissionais, me entristece.
Para vários deles, com certeza, se formos perguntar: Quanto quer
ganhar? Por que faz a greve? Veremos que já não é
mais por aumento e sim... Por respeito.
As cicatrizes podem transcender a alma destes colegas, admiráveis
guerreiros, e refletir-se rasgando a harmonia da administração.
Já que, como me desabafaram, estão considerando em buscar
a satisfação e o reconhecimento profissional em qualquer
carreira da área jurídica. Sei muito bem que competência,
para aprovação em qualquer área que busquem, lhes
sobra. Quem perde? A SRF que vê esvair de seus quadros aqueles
que estão entre os melhores profissionais.
É diante deste quadro que cumpre-me o dever de leválos
a reflexão deste aspecto que está além da greve
e além de aumentos pecuniários. Ainda sob a lente da empatia,
lembrar-nos que nossa inércia pode ser cúmplice dos acontecimentos
que necessariamente não daremos causa. Não, não
estou falando em inércia no sentido de fazermos greve, até
porque quando aceitamos o encargo de administradores abdicamos deste
direito constitucional dos servidores públicos.
Sds,
Ivan Silveira Malheiros
Delegado - DRF/Presidente Prudente
Boletim Nacional - 17 de maio/2004
Chefia de Joinville solidariza-se
com o movimento da categoria
Recebemos, na sexta-feira passada, dos colegas de Joinville
(SC) uma manifestação de apoio à carta do delegado
da Receita Federal de Presidente Prudente (SP). Publicamos agora, neste
Boletim, uma carta assinada pelo delegado-substituto da Receita Federal
em Joinville e pelos chefes das seções de Controle e Acompanhamento
Tributário, de Orientação e Análise Tributária,
do Centro de Atendimento ao Contribuinte, de Controle Aduaneiro e da
seção de Fiscalização.
Sabemos da importância de um gesto como esse e o que ele representa
para nossa luta. Transcrevemos abaixo o texto dos colegas administradores
de Joinville.
Sr. Superintendente, Srs. Delegados e Inspetores
na 9ª Região Fiscal, Sr.
Superintendente-Adjunto,
Chegou ao nosso conhecimento, Auditores-Fiscais administradores da DRF/Joinville,
o documento divulgado pelo Delegado da Receita Federal em Presidente
Prudente, dirigido aos seus colegas Administradores (abaixo colacionado),
sobre seus sentimentos com relação ao atual momento vivenciado
pelos AFRFs.
Vimos manifestar nosso apoio ao documento, por tratar-se de situação
também vivenciada nesta unidade.
Temos consciência de que qualquer movimento paredista influencia
negativamente a instituição Receita Federal, prejudicando
sua missão, que é a de prestar um serviço de excelência
à sociedade.
Mas está acima de nossas forças incutir ânimo aos
colegas Auditores-Fiscais desta unidade administrativa diante do tratamento
favoravelmente diferenciado aos nossos colegas Procuradores da Fazenda,
vez que ambos os cargos têm elevada importância na realização
das receitas públicas.
Assim, visando à unidade da Receita Federal, mesmo reiterando
a lealdade com a sua administração, não temos como
ficar calados diante da situação exposta pelo colega,
DRF em Presidente Prudente.
Delegado-Substituto da Receita Federal em Joinville
Chefe da Seção de Controle e Acompanhamento Tributário
Chefe da Seção de Orientação e Análise
Tributária
Chefe do Centro de Atendimento ao Contribuinte
Chefe da Seção de Controle Aduaneiro
Chefe da Seção de Fiscalização
