A hora é de preservar a unidade
Após quase dois meses de paralisação,
os Auditores-Fiscais da Receita Federal vivem um momento decisivo. O
que fazer diante de um governo que mostrou-se intransigente nas negociações,
visto que o Pacote SRF já estava determinado desde
o ano passado; que recusa-se a receber os AFRF em greve, quando recebeu
outras categorias na mesma situação; que faz da quebra
da paridade um pilar central no cumprimento de metas do superávit
primário; que pretende nos tornar cúmplices desta política,
vinculando remuneração a incremento de arrecadação
de impostos; que, enfim, encaminha ao Congresso Nacional um projeto
de lei apenas dois dias após o ministro Palocci garantir que
as negociações poderiam ser retomadas?
A resposta, para nós da DS/RJ, não é simples, merece
reflexão e discussão. Mas parece que para a DEN é
simples. Chegamos a esta conclusão com a leitura do boletim nacional
de ontem, dia 31/05. Quem votou na proposição da DEN,
está correto. Quem votou contra, não está em sintonia.
Veja parte do texto, que traz o título Categoria é contra
a retirada dos AFRFs do PL nº 3.501/04:
O resultado parcial da última Assembléia
Nacional mostra que a DEN está em plena sintonia com a vontade
da categoria no que diz respeito ao primeiro indicativo, que trata da
retirada da categoria do PL nº 3.501/04. De 82 localidades, entre
DSs e Representações que já enviaram o resultado
de suas assembléias, 50 se manifestaram majoritariamente contra
a retirada da categoria daquele projeto de lei. Apenas como resgate
histórico, importa lembrar que, mesmo contrapondo-se à
proposta do CDS de retirada dos AFRFs do PL, a DEN cumpriu com fidelidade
o artigo 33 do nosso Estatuto, reproduzindo o encaminhamento aprovado
para discussão em Assembléia Nacional.
Em primeiro lugar, cabe registrar que nunca foi parâmetro
em nossas votações o número de DS que votam em
determinada proposta, e sim o percentual de votos dos AFRF. O resultado
final foi de 1.094 votos (53,54%) contra a retirada do PL a 949 (46,45%)
a favor da retirada do PL. Em percentuais, vê-se que foi uma votação
apertada, ao contrário da impressão causada pela forma
como a DEN construiu o seu informe. O que significa a DEN está
em plena sintonia coma vontade da categoria?
Significa que a DEN não está em sintonia
com quase metade da categoria, os que votaram pela retirada do PL?
Significa que estes colegas não estão em sintonia
com a DEN?
As DS que votaram contra a retirada do PL estão em sintonia
com a DEN?
Os colegas que votaram pela retirada não estão
em sintonia com os demais?
Em um momento tão delicado para a categoria, é
uma temeridade a DEN resolver faturar politicamente o resultado de uma
votação, principalmente à custa de polarizar com
o CDS, que vocaliza a discussão originada nas bases. Os Auditores-Fiscais,
de todo o Brasil, que votaram pela retirada dos AFRF do projeto de lei
votaram pensando no melhor caminho para a mobilização.
O que a DEN fez foi dizer a estes colegas que eles estão errados,
fora de sintonia. E não existe nem certo nem errado
absolutos em um contexto tão complexo.
Não nos importamos em discutir exaustivamente as decisões
antes de tomá-las. Os AFRF querem a unidade e não disputas
colaterais. O Comando de Mobilização encaminhou pela retirada
dos AFRF do PL, seguindo orientação do CDS, instância
que reúne delegados sindicais de todo o país. E se a categoria
decidiu contrariamente, o fez de forma soberana e cabe aos dirigentes
encaminhar a luta ao modo estabelecido pela maioria. Não julgar,
nem segregar, apenas trabalhar.
DS/RJ encaminha pela retirada
A DS/RJ encaminhou pela retirada dos AFRF do Projeto de
Lei 3.501/04 por concordar com o encaminhamento dado pelo Comando Nacional
de Mobilização, a partir de votação no CDS.
Aqui no Rio, foram 211 votos pela retirada, 30 contrários à
retirada e 05 abstenções.
Nas considerações dos indicativos para a Assembléia
Nacional, o CNM avaliou que são poucas as chances de alterar
profundamente o projeto em sua tramitação no Congresso
Nacional, onde o governo tem obtido maioria nas votações.
O CNM também acredita que o governo busca tratar o fato como
consumado, inclusive abreviando a discussão no parlamento, solicitando
urgência e evitando as comissões temáticas. Vale
a pena conferir a íntegra das considerações, disponível
como anexo do Boletim da DEN nº 1644, de 27/05. A diretoria da
DS/RJ concorda com o Comando Nacional e ressalta que, se já é
difícil obter avanços em outros itens de nossa pauta,
quase impossível será reverter a quebra da paridade no
bojo do PL 3.501/04. São inúmeros os argumentos favoráveis
à retirada dos AFRF do PL, assim como existem outros tantos contrários
à retirada. Não se pode desqualificar a opinião
de quase metade da categoria porque escolheu caminho diverso. Precisamos
de vitórias concretas, e não de vitórias retóricas.
