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Institucional Legislação
       
     
 

Informe
UNAFISCO SINDICAL
Rio de Janeiro

Boletim n° 76                                                         Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2002

A hora da decisão

      No dia 06 de outubro, o Brasil inicia mais uma eleição geral. Será eleito, em primeiro ou segundo turno, o futuro presidente do Brasil. A escolha dos eleitores não pode dispensar uma análise do governo atual.

      Nos últimos oito anos, fomos governados por Fernando Henrique Cardoso. Na presidência, o sociólogo não apareceu. Governou com mão de ferro, atropelando todos os que atravessaram seu caminho rumo à implantação das teses do neoliberalismo em nosso país. Defensor do pensamento único, FHC chamou de atrasados, fracassomaníacos, vagabundos e caipiras quem lhe fez críticas. Derrubou sindicatos e categorias que se opuseram às privatizações e ao arrocho salarial.

      A política de financiar o Estado pela geração de déficits públicos não encontrou no próprio governo a sua contrapartida necessária: o investimento na produção nacional, o incentivo às exportações e as políticas de crescimento econômico para manter o equilíbrio fiscal e financeiro. O resultado foi dependência externa excessiva, juros altos e economia estagnada.

      Na área social, vieram os reflexos: o desemprego praticamente dobrou nos últimos anos e a população brasileira empobreceu. A indústria brasileira também empobreceu, encolheu. Nossa capacidade de reagir às instabilidades externas ficou debilitada, num mundo extremamente competitivo e conturbado.

      No relacionamento com o Congresso Nacional, FHC também foi tirano: governou montado nas Medidas Provisórias, que, no espírito da Constituição, foram criadas apenas para uso em casos de urgência e relevância.

      No âmbito do funcionalismo público, tivemos enormes perdas, desde vantagens funcionais até, em vários casos, a própria estabilidade. Foram sete anos sem reajustes salariais. Sofremos ainda intensa campanha de difamação, alçados à condição de bode expiatório dos problemas do país.

      Os Auditores-Fiscais da Receita Federal estão entre as vítimas preferidas do atual governo. O Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, abusou das MPs e Instruções Normativas para tentar tornar a Receita Federal uma simples empresa de cobrança de impostos e buscou durante todo o governo retirar atribuições e desqualificar os Auditores. Tudo isso culminou com o golpe da MP 46 e agora, no final do mandato, reaparece a proposta de autarquização.

      Por tudo isso, com respeito aos que enxergam avanços na gestão de FHC, não podemos concordar que ele tenha feito um bom governo para o país. Ainda vamos sentir por longos anos os efeitos retardados do modelo econômico adotado sob sua gestão.

      A biografia e as propostas do candidato ajudam a compor o perfil desejável para o próximo presidente. Mas, em nosso entendimento, na hora de votar, devemos ter em mente quem defende o governo FHC e quem defende outro caminho, diferente na forma e no conteúdo, para ajudar o país a superar seus problemas.

      Para nós, do Unafisco Sindical, o ex-senador e ex-ministro da saúde, José Serra, representa a continuidade da atual política econômica e social, que combatemos todos esses anos.

      Do outro lado, está Luiz Inácio Lula da Silva, hoje o principal nome da oposição, favorito às eleições, inclusive com chances reais de vitória no primeiro turno. Esta candidatura representa a oportunidade de derrotar as políticas implementadas por FHC. As propostas do candidato do PT sempre se caracterizaram por forte conteúdo social, defesa dos interesses do país e crítica ao atual modelo econômico. E Lula é reconhecidamente um dos principais defensores da democracia e do diálogo, importantes para elaborar as reformas de que o país precisa, inclusive na área tributária.