A hora da decisão
No dia 06 de outubro, o Brasil inicia
mais uma eleição geral. Será eleito, em primeiro
ou segundo turno, o futuro presidente do Brasil. A escolha dos eleitores
não pode dispensar uma análise do governo atual.
Nos últimos oito anos, fomos
governados por Fernando Henrique Cardoso. Na presidência, o sociólogo
não apareceu. Governou com mão de ferro, atropelando todos
os que atravessaram seu caminho rumo à implantação
das teses do neoliberalismo em nosso país. Defensor do pensamento
único, FHC chamou de atrasados, fracassomaníacos, vagabundos
e caipiras quem lhe fez críticas. Derrubou sindicatos e categorias
que se opuseram às privatizações e ao arrocho salarial.
A política de financiar o
Estado pela geração de déficits públicos não
encontrou no próprio governo a sua contrapartida necessária:
o investimento na produção nacional, o incentivo às
exportações e as políticas de crescimento econômico
para manter o equilíbrio fiscal e financeiro. O resultado foi dependência
externa excessiva, juros altos e economia estagnada.
Na área social, vieram os
reflexos: o desemprego praticamente dobrou nos últimos anos e a
população brasileira empobreceu. A indústria brasileira
também empobreceu, encolheu. Nossa capacidade de reagir às
instabilidades externas ficou debilitada, num mundo extremamente competitivo
e conturbado.
No relacionamento com o Congresso
Nacional, FHC também foi tirano: governou montado nas Medidas Provisórias,
que, no espírito da Constituição, foram criadas apenas
para uso em casos de urgência e relevância.
No âmbito do funcionalismo
público, tivemos enormes perdas, desde vantagens funcionais até,
em vários casos, a própria estabilidade. Foram sete anos
sem reajustes salariais. Sofremos ainda intensa campanha de difamação,
alçados à condição de bode expiatório
dos problemas do país.
Os Auditores-Fiscais da Receita Federal
estão entre as vítimas preferidas do atual governo. O Secretário
da Receita Federal, Everardo Maciel, abusou das MPs e Instruções
Normativas para tentar tornar a Receita Federal uma simples empresa de
cobrança de impostos e buscou durante todo o governo retirar atribuições
e desqualificar os Auditores. Tudo isso culminou com o golpe da MP 46
e agora, no final do mandato, reaparece a proposta de autarquização.
Por tudo isso, com respeito aos que
enxergam avanços na gestão de FHC, não podemos concordar
que ele tenha feito um bom governo para o país. Ainda vamos sentir
por longos anos os efeitos retardados do modelo econômico adotado
sob sua gestão.
A biografia e as propostas do candidato
ajudam a compor o perfil desejável para o próximo presidente.
Mas, em nosso entendimento, na hora de votar, devemos ter em mente quem
defende o governo FHC e quem defende outro caminho, diferente na forma
e no conteúdo, para ajudar o país a superar seus problemas.
Para nós, do Unafisco Sindical,
o ex-senador e ex-ministro da saúde, José Serra, representa
a continuidade da atual política econômica e social, que
combatemos todos esses anos.
Do outro lado, está Luiz Inácio
Lula da Silva, hoje o principal nome da oposição, favorito
às eleições, inclusive com chances reais de vitória
no primeiro turno. Esta candidatura representa a oportunidade de derrotar
as políticas implementadas por FHC. As propostas do candidato do
PT sempre se caracterizaram por forte conteúdo social, defesa dos
interesses do país e crítica ao atual modelo econômico.
E Lula é reconhecidamente um dos principais defensores da democracia
e do diálogo, importantes para elaborar as reformas de que o país
precisa, inclusive na área tributária.

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