Anuênio: processos seguem para Brasília
mas ainda não há previsão de pagamento
Em julho
próximo completam-se sete anos de luta pela recuperação
dos anuênios atrasados dos Auditores-Fiscais. Foi em 14 de julho
de 1996 que o governo Fernando Henrique Cardoso editou a Medida Provisória
nº 1480, transformando a anuênio em qüinqüênio.
Em março de 1999, através de outra MP, FHC extinguiu o adicional
por tempo de serviço, ou seja, quando ninguém tinha ainda
completado um qüinqüênio. Dois anos mais tarde, em julho
de 2001, a administração federal reconheceu o tempo residual
de cada servidor, fez a atualização e pagou o exercício
daquele ano (2001).
A partir
daí, foram formados processos individuais para calcular caso a
caso o atrasado relativo ao período de 05/07/96 a 31/12/2000.
A demora
na conclusão dos cálculos levou o sindicato a interferir
no processo e foi realizado um mutirão para agilizar os cálculos
a acelerar o procedimento.
Há
alguns dias, a GRA, através da Sra. Lídia Gama Delgado,
informou ao sindicato que os processos estão sendo encaminhados
para Brasília para pedir verba. Mas ainda não há
previsão de pagamento, pois as despesas foram contingenciadas pela
nova administração federal.
AFRF do Rio marcam presença na
passeata contra o PL-9
A última
terça-feira, 8 de abril, marcou o Dia Nacional de Luta contra o
PL-9. O Rio de Janeiro teve uma das maiores manifestações
do Brasil com uma passeata de servidores públicos das três
esferas de governo pela Avenida Rio Branco, que ficou fechada por mais
de uma hora, reunindo cerca de duas mil pessoas.
Os servidores
não aceitam a proposta herdada do governo anterior, que pretende
instituir a previdência complementar para o serviço público.
Foram usadas palavras de ordem contra a privatização representada
pelo PL-9, que passa a administração da previdência
para a iniciativa privada.
A passeata foi organizada pela Coordenação Estdual das Entidades
de Servidores Públicos Federais, da qual o Unafisco faz parte.
Aqui no Rio, os AFRF concentraram-se na escadaria do Ministério
da Fazenda e seguiram juntos para a passeata. O Secretário-Geral
da DS/RJ, Aélio dos Santos Filho, falou ao microfone ainda na Candelária,
onde foi a concentração inicial. Aélio fez a defesa
da previdência pública e lembrou que o déficit anunciado
pelo governo é resultado de artifícios falaciosos, que manipulam
os valores das receitas e despesas conforme a conveniência do Ministro
Berzoini.
Já
na Avenida Rio Branco, a AFRF Vera Balieiro usou o microfone para protestar,
defendendo que o governo trate primeiro da Reforma Tributária,
única forma de iniciar uma verdadeira redistribuição
de renda no país, porque, hoje, quem financia o Estado são
os assalariados, descontados na fonte "e quem deveria pagar mais
não paga nada".
Caravanas intensificam trabalho junto
aos parlamentares
A pauta na
Câmara dos Deputados continua trancada por sete Medidas Provisórias
que não foram votadas no prazo definido no regimento do Congresso.
Algumas são de difícil negociação e podem
atrasar ainda mais a apreciação do Projeto de Lei que trata
da isonomia. Os AFRF têm mantido contato principal-mente com as
lideranças partidárias para, quando chegar a hora, a votação
seja uma das prioridades.
Esta semana,
os integrantes da caravana também participaram das manifestações
contra o PL-9 e do lançamento da campanha "IR com Justiça
é desonerar o trabalhador", lançada terça-feira
no Auditório Nereu Ramos, do Congresso Nacional.
Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico
divulga propostas para a Previdência
O Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão
que assessora a presidência da república, anunciou ontem
o resultado das discussões dos grupos temáticos da Reforma
da Previdência. O documento deverá ser encaminhado, com a
aprovação do presidente Lula, para que a Casa Civil elabore
as propostas a serem enviadas ao Congresso Nacional ainda este mês.
A íntegra do relatório do CDES já está disponível
em nosso site. Abaixo, reproduzimos um resumo publicado pelo Jornal Valor
Econômico de ontem, dia 10/04, com as principais decisões
do CDES.
Mosaico de mudanças
Posições do Conselho para a Reforma da
Previdência serão apresentadas hoje [ontem] na reunião
do pleno
Consenso
- Teto de benefícios para os servidores da União
- Extensão de 10 anos para 20 anos da permanência do servidor
no serviço público, sendo 10 anos na carreira e 5 no cargo
- Manter regime diferenciado dos militares, mas defini-lo em lei
- Instituir regime complementar para os servidores
- Criar mais de uma entidade fechada de previdência complementar
na União
- Nos Municípios, os fundos podem ser multipatrocinados
- Contemplar no regime complementar os atuais servidores, levando em
conta o direito adquirido e os custos financeiros
- Gestão quadripartite da Previdência
- INSS deve cumprir decisões cuja jusrisprudência dominante
seja desfavorável e evitar recursos intermináveis
- Manutenção dos segurados especiais, como os rurais
- Aplicar diretrizes de gestão do RGPS também aos regimes
próprios
- Fidelizar o segurado à Previdência, divulgá-la
com artistas e ter aulas de educação previdenciária
- As renúncias previdenciárias precisam ser revistas;
se mantidas, é necessário destacar recursos orçamentários
compensatórios
- Fiscalização contra fraude e sonegação
conjunta da Receita, Ministério do Trabalho e INSS
- Conselho Nacional de Previdência com poder deliberativo
- Financiamento da Previdências com tributação
mista na folha de salários e valor agregado, diminuindo cumulatividade
da contribuição
- Desoneração gradual da folha de salários
Recomendações
(pela maioria)
- No regime especial dos militares o financiamento será feito
com recursos do orçamento e contribuição da categoria
- O Ministério Público e a magistratura devem receber
o mesmo tratamento dado aos militares
- Manter a atual diferenciação do limite de idade entre
homens e mulheres, mas, caso extinta, deve-se adotar uma regra de transição
- Redução das pensões em 30%, preservando-se as
dos mais pobres
- A contribuição dos inativos do regime próprio
deve incidir a partir do teto do benefício do INSS (R$ 1.561)
- Aumento da idade mínima (sem definir qual)
- Definição do regime complementar deverá ficar
a cargo de lei específica a ser enviada ao Legislativo pelos
Estados, municípios e União
- Regime complementar deve ser operado exclusivamente por entidades
fechadas de previdência complementar, sem fins lucrativos, ou
por entidades abertas e seguradoras com fins lucrativos, a critério
dos servidores
- Reavaliação da renúncia da contribuição
dos clubes de futebol
- Incluir informais, com contribuição e benefícios
diferenciados
Sugestões
(pela minoria)
- Contribuição dos inativos para se manter a pensão
integral
- Piso deve ser vinculado ao salário-mínimo
- Estímulo à permanência a ao adiamento da aposentadoria
dos servidores
- Teto único, desde que seja elevado o teto do INSS, com correção
pela variação do PIB
- Dedução da contribuição do INSS da CPMF
- Limitação do benefício ao vencimento líquido
ao vencimento líquido do cargo efetivo
- Preferência para os planos de contribuição definida
no regime complementar
- Inclusão de um redutor de 20% na remuneração
para ser utilizada como benefício previdenciário
A DS/RJ publica a seguir uma nota redigida pelo colega Francisco Giffoni,
em homenagem a Tasso Rivera Monteiro, falecido recentemente. Nos dizeres
do superintendente, Paulo Aviz, a nota "reflete de maneira cristalina
a pessoa do Tasso" e é mais uma forma de agradecimento pela
oportunidade que os colegas tiveram de conviver com ele.
A INESPERADA MORTE DE UM DISCRETO COMBATENTE
MORREU
EM Um Domingo ensolarado, calmo e tranquilo, como foi sua vida, parece
que de propósito para não atrapalhar o cotidiano das pessoas
amigas. Pegou nos a todos de surpresa, sem nenhum aviso prévio
, para evitar nosso sofrimento antecipado e prolongado pela perda que
viria, como se houvesse pensado e planejado poupar seus entes queridos
, o quê gostaria certamente de fazer. Não nos deu tempo de
despedidas carregadas de emoção, porque não tinha
muita habilidade no trato, ao contrário da suavidade com que tratava
o tamborim. Neste aspecto sempre foi ultra discreto. Aquelas as escondia
através de um amplo sorriso e uma imensidão azul no olhar.
No entanto, para as emoções discretas, suaves ou profundas
as tinha do ouvido de um maestro sinfônico. Nos pequenos gestos,
nas palavras certas, na presença oportuníssima, sabia com
precisão milimétrica manifestá-las no momento preciso.
Para
aqueles que tivemos o imenso prazer de seu convívio, sabemos que
era uma personalidade rarissima e a perda é praticamente irreparável.
O tempo foi lhe dando diversas molduras, algumas até exóticas
da época do "paz e amor", outras severas e elegantes
no estilo Armani envergonhado, mas a essência do velho/jovem adolescente
humanista/socialista dos anos sessenta permanesceu intacta. Sua visão
de mundo foi sendo lentamente lapidada no "tempus" típico
do velho casarão de Botafogo. Aparentemente cético, de vez
em quando irado, tinha o otimismo histórico de um Swift, com a
mesma ironia. Também, com o figado maltratado nos Botequins da
vida, distilou vinte e cinco anos de chumbo grosso, sem perder a crença
no bípede dito racional, criaturas e criações. De
sólida formação científica e rara sensibilidade
poética, apreendeu com Joaquim Cardozo, Guimarães Rosa,
Drummond, Proust e Joyce que o tempo antes de qualquer outra coisa é
subjetivo. Não se deixava nunca impactar, portanto, com sua passagem
angustiante e voraz. Aos modismos políticos, olhava-os com severa
reserva oriental. Nunca fez questão de ser ao quê pós-modernamente
se chama de "politicamente correto". Mas nunca deixou de lutar,
mesmo no período mais negro da história republicana, pelos
ideais de justiça social e democracia irrestrita, correndo os riscos
que todos sabemos. E continuou a acreditar que sua obtenção
não se faria em uma, duas ou três gerações
de brasileiros. Mantinha intactas a fleugma, a garra e o tamborim à
mão.
Como alguém disse sobre Paulinho da Viola, eventual companheiro
de rodas de samba em Botafogo, sem você o mundo que já é
feio ficará muito mais feio ainda meu caríssimo amigo Tasso
Rivera Monteiro. Muito obrigado por você ter existido e pela sua
imensa amizade. Descanse em Paz velho combatente que você merece!
F.C.G.

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