Boletim
n° 44 - 06/06/2002
Vitória! Viramos o jogo!
Relatório
começou a ser votado ontem no Congresso Nacional
Uma intensa luta foi travada ontem
no Congresso Nacional, com uma vitória expressiva das categorias
interessadas na aprovação do Projeto de Conversão
em Lei da MP 2.175/29.
Desde as 08:30h, as caravanas já
estavam dentro do Congresso Nacional. As vitórias foram chegando
por etapas, com a intensa participação dos colegas que estão
em Brasília. Apesar de as lideranças do governo no Congresso
orientarem os deputados a não comparecer (primeira tentativa de
obstrução), garantimos quorum para instalar a sessão
do Congresso Nacional. Como os deputados e senadores entravam e saíam
do plenário a todo momento, foi necessária uma ágil
organização dos colegas que estavam espalhados nas galerias
e no salão da Câmara no sentido de localizar os parlamentares
a fim de garantir quorum para a votação do primeiro item
da pauta (dar posse aos membros do Conselho Nacional de Comunicação
Social). O sucesso desta ação foi crucial, pois, caso contrário,
a sessão seria suspensa. Em plenário, os parlamentares aliados
derrubaram a questão de ordem do vice-líder do governo na
Câmara, Dep. Ricardo Barros (PPB/PR), que tentou adiar o item dois,
a nossa MP, antes mesmo da sessão ser instalada. Foi também
derrubada outra questão de ordem, que solicitava o adiamento da
discussão. Por fim, foi barrado um pedido de retirada de pauta.
Avançamos - apesar das dificuldades
de acesso e da ação, muitas vezes truculenta, dos seguranças
da casa - até o seguinte ponto, que é fundamental: a sessão
foi mantida até o momento em que O RELATOR DA MATÉRIA FEZ
A LEITURA DO SEU RELATÓRIO EM PLENÁRIO. Logo em seguida,
aquela altura já era mais de 19h, a sessão foi suspensa.
Não haveria quorum para fazer a votação ainda ontem.
Por que foi uma vitória tão
importante?
Nas palavras do Dep. João Eduardo
Dado (PDT/SP), já na reunião de avaliação,
no Hotel San Marco, por volta das 21h:
"Nós hoje derrotamos
o Governo Federal. Não existe mais a MP 2.175/29. Agora só
existe o Relatório do Dep. Roberto Pessoa. Esta é a base
de negociação daqui em diante. Regimentalmente, a MP [original]
acabou."
"Agora é o governo que
tem que fazer maioria para retirar itens do relatório e não
mais somos nós que temos que lutar para inclui-los. Isso muda tudo."
"A leitura do relatório
em plenário significa que a votação já começou.
Então, nada mais pode ser votado nas sessões conjuntas do
Congresso Nacional antes da conclusão desta matéria. O relatório
tem precedência inclusive sobre a LDO. Não se vota a LDO
sem votar o relatório."
Em toda a sessão, que foi
bastante tensa, por muitos e variados motivos, a pressão do governo
era fortíssima sobre o presidente do Congresso Nacional, Senador
Ramez Tebet (PMDB/MS), e sobre Efraim Morais (PFL/PB), que dirigiu a sessão
por algum tempo. Qualquer erro de estratégia poderia significar
a derrota. Mas, afinal, quem errou foi o Dep. Ricardo Barros, que perdeu
em plenário todas as manobras tentadas.
A tarde inteira, os deputados favoráveis
ao relatório acenavam ao governo para a criação de
uma comissão de parlamentares com a missão de tentar um
acordo, porque já se contava com a dificuldade com o quorum. O
governo, acuado, foi cedendo aos poucos e acabou admitindo negociar.
Alguns parlamentares queriam arriscar
tudo e enfrentar o governo ontem mesmo, logo depois da leitura. Esta idéia
foi descartada porque, caso não houvesse o quorum (o que ao final
se confirmou), teríamos que começar da estaca zero. Prevaleceu
a estratégia de ir ganhando tempo, vencendo as etapas e chegar
até a leitura do relatório, suspendendo a sessão
em seguida. DA FORMA COMO FICOU, ENGESSAMOS O GOVERNO, QUE SÓ VOTA
A LDO DEPOIS DE VOTAR O NOSSO RELATÓRIO.
Logo que terminou a sessão,
o governo já estava procurando as entidades para negociar, conforme
ficou acertado. As negociações começam hoje mesmo,
mas A SITUAÇÃO DO GOVERNO FICOU MUITO DIFÍCIL DEPOIS
DE ONTEM. Viramos o jogo! Eles agora precisam mais desta negociação
do que nós, porque estão pressionados pela necessidade de
aprovar a LDO até o final de junho. Se houver consenso, o Congresso
apreciará o acordo; caso não haja acordo, vamos decidir
no voto. As datas mais prováveis para a próxima sessão
do Congresso Nacional são terça-feira à noite ou
quarta-feira à tarde.
Euforia e trabalho duro pela frente
A reunião de avaliação
transpirava um clima de euforia, mas ainda contida. Havia muito que comemorar,
mas também a certeza de que a missão não terminou.
A GREVE TEM QUE CONTINUAR, MAIS FORTE DO QUE NUNCA. NA PRÓXIMA
SEMANA AS CARAVANAS TERÃO QUE VOLTAR A BRASÍLIA, AINDA MAIORES,
SE FOR POSSÍVEL. O TRABALHO PARLAMENTAR SERÁ OUTRA VEZ FUNDAMENTAL.
Também fundamentais serão as caravanas para as diversas
localidades com o objetivo de fortalecer ainda mais o movimento.
Caravana de Manaus é um exemplo
Essas caravanas já estão
surtindo efeito. Exemplo disso foi a reunião com o líder
do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB/AM), conseguida
depois dos trabalhos da caravana de Manaus, que teve a participação
de vários AFRF do Rio de Janeiro. Além de intensificar o
movimento naquela localidade, conseguiu-se a intervenção
do presidente da Associação das Indústrias Amazoninas,
Maurício Loureiro. Já na madrugada de terça para
quarta, o deputado foi contatado no aeroporto de Manaus e a audiência
agendada para as 12h de quarta. Reunido com os representantes de todas
as entidades (exceto SINDTTEN), o deputado Arthur Virgílio, reconhecendo
a força de nossa paralisação e de mobilização
em Brasília, deu os primeiros sinais de negociação.
Por isso, as caravanas têm que
continuar. Precisaremos de um grande número de colegas. Já
a partir de domingo vários AFRF deverão estar partindo para
diversos pontos do país. Entre em contato com a funcionária
Gleice na DS/RJ (2262.3827). É imprescindível a sua participação.
Agradecimentos
Registramos aqui a magistral participação
no dia de ontem dos deputados João Eduardo Dado (PDT/SP), Miro
Teixeira (PDT/RJ) e Walter Pinheiro (PT/BA) e dos presidentes da sessão:
Senador Ramez Tebet e Dep. Efraim Morais. Eles deram uma imensa demonstração
de coragem ao enfrentar este governo e se pautaram pela lisura e habilidade
na condução dos trabalhos.
Nossos agradecimentos muito especiais
a estes parlamentares, que juntamente com tantos outros, fizeram a maior
vitória de servidores públicos nesta casa legislativa até
os dias de hoje. Estas considerações elogiosas são
confiáveis, porque partem inclusive de políticos contrários
a nós, mas que sabem reconhecer um bom adversário. Este
adversário de que falam, em última análise, é
a nossa mobilização, construída em anos de trabalho,
e que apenas começa a dar os primeiros resultados. Assim vamos,
até a vitória final.
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