Boletim
n° 50 - 20/06/2002
Ramez Tebet: "Vocês
têm a minha palavra. A votação será na terça
ou quarta-feira da próxima semana"
A luta das categorias envolvidas
na aprovação do PLV 15/02 teve esta semana mais uma etapa
vencida. O presidente do Congresso Nacional, Senador Ramez Tebet (PMDB/MS),
reafirmou, desta vez no plenário do Senado, o compromisso de colocar
o PLV em votação, com ou sem o acordo com o governo. Ramez
Tebet já tinha se comprometido a faze-lo esta semana, conforme
noticiamos. No entanto, lamentavelmente, houve o falecimento de um irmão
do senador, o que o tirou de Brasília na terça-feira, atrasando
todo o processo.
Ao chegar em Brasília, ontem
pela manhã, ele disse a interlocutores que colocaria, sim, em votação
o PLV, mas entendia que o governo abrira as negociações
e que deveria esperar pelo resultado destas reuniões antes de levar
a matéria a plenário para ser disputada no voto.
O senador estava referindo-se a uma
reunião de diversos parlamentares com o Ministro do Planejamento,
Guilherme Dias. Em nome do governo, o ministro apresentou uma proposta
classificada por todas as entidades como indecente. Basicamente, propõe
a troca da GDAT Institucional, cujo valor varia de R$ 450,00 a R$ 980,00,
por um valor fixo de R$ 1.000,00. Ou seja, para os mais novos reajuste
de R$ 550,00 e para os mais antigos de... R$ 20,00. Ofereceu ainda pagar
30% do valor referencial para os aposentados - antes não oferecíamos
nada, alegou Ricardo Barros (PPB/PR), vice-líder do governo na
Câmara - e nada sobre as atribuições e outros pontos
fundamentais do PLV. À noite, a proposta foi rejeitada por unanimidade
na reunião de avaliação. Principalmente, no que refere-se
à paridade, por aclamação, a palavra de ordem foi:
dignidade não se negocia.
Negociação pode ser um
sinal positivo
Apesar de ter apresentado uma proposta
inaceitável, o fato do governo admitir negociar é um indício
de que as coisas estão mudando a nosso favor. Ontem à noite,
soubemos que Ricardo Barros estaria naquele momento reunido com a Secretaria
de Fazenda e com empresários. Um pouco mais tarde, chegou a informação
de que o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB/SP),
teria hoje pela manhã uma reunião com os técnicos
do governo para melhorar a proposta para as categorias e à tarde
teria encontro com alguns líderes do Congresso para tratar do PLV.
Em condições normais,
este governo não negocia com ninguém. Ontem, o Congresso
aprovou o plano de carreira dos servidores da justiça, que estavam
em greve há mais de três meses. Era uma matéria, do
ponto de vista do governo, mais complicada que a nossa, mas a força
da mobilização falou mais alto. Outras seis também
saíram vitoriosas.
Pequenas vitórias que fazem a
diferença
É desta maneira que tem caminhado
o nosso movimento de luta. Muitas vezes, duvidamos dos resultados durante
o dia, até que, em nossas avaliações no final da
noite, percebemos que é desta forma que as coisas acontecem em
Brasília. Temos repetido que é muito mais difícil
o entendimento para quem não participou de nenhuma caravana. Através
deste boletim, vão as informações derretidas pelo
tempo e pela distância.
Claro que sempre alimentamos intimamente
a perspectiva de uma solução imediata, mas a vivência
dentro do parlamento está escolando os colegas, que passam a perceber
o luta como um processo, vencida nos detalhes de cada etapa. O governo
contava com uma trunfo que não se concretizou: o nosso cansaço.
Nossas caravanas trouxeram mais uma vez cerca de 1.200 integrantes. A
sensação geral é de que o estoque de recursos do
governo diminui com o tempo, ao passo que a greve na Receita Federal aumenta
o nosso cacife.
Oposição obstrui a votação
da LDO
Os partidos de oposição
obstruíram a tramitação da LDO na Comissão
de Orçamento, conforme tinham prometido, nos dois últimos
dias de sessão da Câmara. Para isso, foi fundamental a atuação
do Dep. Miro Teixeira (PDT/RJ) e de todo o seu partido. Mas a nossa presença
também foi decisiva. Inicialmente, conseguimos colocar cinco colegas
para assistir a sessão. Em pouco tempo, já éramos
150 dentro da Comissão de Orçamento. Logo após o
fim da sessão, o vice-líder do governo, Ricardo Barros,
procurou a imprensa para atacar os Auditores, numa atitude clara de desespero.
Aperto na greve é a arma dos
Auditores-Fiscais
Na próxima semana, teremos
lances decisivos aqui em Brasília, ao que já estamos nos
acostumando. O destino da LDO está entrelaçado com o nosso
PLV e os parlamentares mostram-se arredios a soluções que
não passem pelo plenário da casa.
Apesar da importância do trabalho
parlamentar, aprofundar a greve em todos os setores da Receita é
o melhor caminho para obrigar o governo a ceder nos pontos fundamentais
do PLV ou garantir a votação no Congresso. Insistimos que
somente as categorias que fizeram fortes paralisações tiveram
êxito contra a política de arrocho dos últimos anos.
Outras categorias intensificam a mobilização
Muito ativos no trabalho parlamentar,
os Auditores-Fiscais da Previdência e do Trabalho e os PCC's devem
aprovar greve a partir de segunda-feira e um reforço considerável
nas caravanas. Nesta sexta-feira, às 14:30h, a DS/RJ participará
de uma assembléia dos Auditores e dos Médicos Peritos para
fortalecer o movimento paredista. Em São Paulo e Belo Horizonte
já houve paralisações na Previdência. Vamos
chegar a Brasília com ainda mais força e a decisão
será no voto, caso o governo mantenha a sua posição
intransigente.
Os colegas devem estar se perguntando:
se o Brasil vencer a Inglaterra, não jogará a semifinal
neste dia? Haverá sessão? Sim, haverá, porque nosso
PLV deve entrar na pauta na mesma sessão da LDO.
Quem vem a Brasília sabe o
quanto afirmações como estas são arriscadas, tão
dinâmicos são os acontecimentos no parlamento. Mas, uma coisa
é certa: tivemos maiores ou menores vitórias desde que iniciamos
as caravanas, mas não tivemos nenhum retrocesso. Sempre demos passos
adiante. E como se diz por aqui, a nossa persistência só
tem um limite: a vitória!
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