Quinta-feira, 06 de novembro
de 2003
Jornal
do Brasil
Senadores têm pendências
na Receita
Alertados pelo 'JB', parlamentares se prontificam
a quitar eventuais débitos. Três ministros estão na
mesma situação
Hugo Marques e Paulo de Tarso Lyra
BRASÍLIA - Levantamento nos CPFs de 70 dos 81 senadores revela
que 29 não conseguem retirar certidão negativa de débitos
na Receita Federal. Dois têm pendências em nome das empresas.
Além disso, três outros ministros se juntam ao time em situação
''não regular'' com o Fisco: a ministra de Minas e Energia, Dilma
Roussef, o da Segurança Alimentar, José Graziano - mentor
do Fome Zero - e o da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral.
O Jornal do Brasil ouviu cada um deles. Vários se prontificaram
a quitar eventuais débitos e muitos prometeram tomar providências
para resolver as pendências. Diante dos inúmeros telefonemas
de parlamentares, o superintendente da Receita Federal, Jorge Rachid,
divulgou nota explicando que a mensagem ''as informações
disponíveis sobre o contribuinte não são suficientes
para que se considere sua situação regular'', observada
ao se digitar o CPF dos senadores e ministros, tem explicação.
- Não significa que esteja inadimplente perante a SRF. Simplesmente
que sua presença será necessária para prestar eventuais
esclarecimentos sobre sua situação fiscal - afirma o texto.
De qualquer forma, a ministra Dilma Rousseff mandou pagar ontem mesmo
os juros sobre parcelas de impostos. Foram R$ 56,02, segundo a assessoria
do ministério. Graziano havia depositado em juízo o valor
correspondente a um terreno em disputa com a Marinha, afirmou a assessoria
do ministro que acompanha o presidente Lula à África.
- Os impostos do ministro estão todos OK - assegurou a assessoria
de Amaral, na Ciência e Tecnologia.
O senador José Sarney informou ter sido notificado pela Receita
para corrigir ''um erro de digitação'' do contador. Relator
da reforma tributária, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) prometeu
procurar o Fisco hoje para checar a pendência.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) informou que a assessoria se esqueceu
de ''ajustar'' os juros de uma declaração, restando saldo
de R$ 240, que quitará ainda hoje. Alega não ter sido notificado.
O presidente da CPI do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT),
acredita ser a pendência resultado de multa eleitoral sobre anúncio
de campanha. Tenta transferir o débito para a conta do partido.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado, Édison Lobão (PFL-MA), reconheceu débito
de R$ 60 referente a dois lotes no Piauí. Afirma nunca ter sido
notificado e promete sanar a dívida hoje.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) informou estar parcelando multa eleitoral
de R$ 6 mil. O senador Almeida Lima (PDT-SE) vendeu imóvel há
três anos e o comprador não transferiu a propriedade. Lima
vai regularizar a situação até amanhã.
O senador Reginaldo Duarte (PSDB-CE) admite débito de R$ 142,64.
Reconhece ''um lapso'' por não ter pago em dia e agradece à
reportagem do JB por tê-lo avisado.
O senador João Capiberibe (PSB-AP) entrará com ação
de indenização contra a Receita por não ter recebido
notificação sobre as pendências. Assegura que pagou
os impostos em dia e não sabe do que se trata. O senador Osmar
Dias (PDT-PR) soube ontem de uma dívida de R$ 60, transferida para
seu nome ao comprar ''uma gleba'' no Estado. Também paga hoje.
O senador Amir Lando (PMDB-RO) reconhece a dívida.
- Tem mês que a gente atrasa. Agora é período de
vacas magras. Vou vender uma boiada - sorriu Lando.
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) acredita que haja na Receita algum
resíduo de parcela de multa eleitoral. Diz que pagou em dia e pretende
ir hoje à Receita para esclarecer o caso. O senador Efraim Morais
(PFL-PB) cogita a existência de uma ''diferença de darf''
- o documento de arrecadação fiscal.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) informa que a secretária
atrasou o pagamento de uma das prestações de imposto. Vai
resolver hoje. O senador Teotônio Vilela (PSDB-AL) também
vai checar hoje a origem da pendência. ''Não deve ser nada
importante'', afirma.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ''está colocando em dia''
débito negociado no Refis - o programa de refinanciamento da dívida.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) informou pagar em dia as
parcelas do imposto. Não sabe a origem da informação
da Receita.
O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) informa ter tido problemas com a lentidão
de ''processamento de ITR'' na Receita. A senadora Roseana Sarney (PFL-MA)
acredita ter se esquecido de dar baixa no registro de empresa aberta para
a campanha eleitoral. A senadora Ana Júlia (PT-PA) reconhece dívida
de R$ 98 de taxa de juros não cobrada em dois anos. Reclama não
ter sido notificada.
O senador Paulo Octávio (PFL-DF) apresentou certidão negativa
de pessoa física. A empresa, contudo, tem pendências. Cobra
certidões negativas dos administradores. Os senadores Alberto Silva
(PMDB-PI), Delcídio Amaral (PT-MS), Fernando Bezerra (PTB-RN),
Paulo Paim (PT-RS) e José Maranhão (PMDB-PB) desconhecem
as pendências. Prometem checar hoje.
O senador Maguito Vilella (PMDB-GO) informa estar em dia com o pagamento
de dívidas de multa eleitoral. Apresenta certidão negativa
da Procuradoria da Fazenda Nacional em Goiás. O senador Aelton
Freitas (PL-MG) não retornou telefonema e o senador Augusto Botelho
(PDT-RR) não foi encontrado.

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