Quarta-feira, 12 de novembro
de 2003
Jornal
do Brasil
Planalto lança ofensiva para
salvar as reformas
Ministro José Dirceu entra em cena
para reorganizar bancada governista
Doca de Oliveira
BRASÍLIA - O Planalto deflagrou ontem ofensiva para salvar as
reformas no Senado. Preocupado com a lentidão no avanço
das emendas tributária e da Previdência, o chefe da Casa
Civil, ministro José Dirceu (PT), agiu para reorganizar a bancada
governista e acionou os operadores mais influentes para contornar as dificuldades
das votações. No mesmo dia em que o ministro sepultou o
impasse em torno das relatorias do Orçamento, cardeais do PMDB
analisaram os votos governistas e da oposição em relação
às reformas e traçaram a estratégia de trabalho.
A prioridade é avançar a reforma da Previdência e
assegurar que seja aprovada pela Comissão de Constituição
e Justiça do Senado na próxima semana, tornando viável
a votação da emenda em primeiro turno ainda este mês.
Operadores do governo temem a sobreposição do calendário
das emendas. A reforma da Previdência será apreciada pela
CCJ na próxima semana, mas cálculos otimistas do governo
prevêem o primeiro turno de votações em plenário
apenas na primeira semana de dezembro.
A compilação dos votos foi delegada à senadora Roseana
Sarney (PFL-MA). Filiada a partido de oposição, é
o braço avançado do presidente do Senado e seu pai, José
Sarney (PMDB-AP), na articulação do governo no Congresso.
Discretíssima, tem aproveitado o trânsito entre os governistas
e adversários para mapear apoios e dissidências nas votações.
Os cálculos indicam que o governo dispõe, hoje, de margem
muito apertada para aprovar a reforma da Previdência.
Mapeamento da senadora, discutido com outros líderes durante almoço
promovido pelo presidente do Senado ontem, mostra que unidas, a bancada
governista e os dissidentes da oposição somam hoje 49 votos
a favor da reforma previdenciária. Destes, 45 votos são
governistas, contingente que para ser alcançado exigirá
o convencimento de um grupo de parlamentares do PMDB, refratário
à proposta. Rigorosamente dentro do número necessário
para a aprovação da emenda, o governo só colocará
a reforma da Previdência em votação quando conseguir
aos menos cinco votos favoráveis a mais.
A ofensiva do Planalto não será endereçada apenas
aos peemedebistas. Emissários do Planalto buscarão apoio
em setores da oposição. No PSDB, políticos governistas
esperam conquistar a adesão dos cearenses Tasso Jereissati e Reginaldo
Duarte. No PFL, além de Roseana Sarney, o governo trabalhará
para ter o sim de Antonio Carlos Magalhães e seu grupo.
Os partidos de oposição também se preparam para
resistir aos encantos e dar ao governo o máximo de trabalho possível.
PFL e PSDB pedirão vistas do novo parecer do senador Tião
Viana (PT-AC) à reforma da Previdência e trabalham para evitar
dissidência nas bancadas.

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