Segunda-feira, 17 de novembro
de 2003
Jornal
do Brasil
Planalto tenta apressar reformas
Governo faz nova rodada de discussões
com a oposição
Doca de Oliveira
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto faz, hoje, novo esforço
para aprovar as reformas constitucionais ainda este ano. Líderes
dos partidos de oposição terão nova rodada de negociação
com operadores do governo para destravar a tramitação das
emendas da Previdência e da tributária. Autorizado pela equipe
econômica, o líder do governo, Aloízio Mercadante
(PT-SP), deve fechar acordo em torno da implantação das
mudanças no sistema tributário em três etapas, adotando
modelo pensado pelo PSDB.
Se o acordo sair, o fatiamento da reforma tributária vai se restringir
à aplicação das medidas. A primeira etapa, a ser
cumprida ao longo de 2004, inclui as medidas mais emergenciais: prorrogação
da CPMF e da desvinculação de receitas da União;
implantação dos fundos de compensação às
exportações e de desenvolvimento regional, ambos de interesse
dos Estados. Também no ano que vem será efetivada a repartição
dos recursos da Cide com Estados e municípios.
O segundo momento da reforma tributária, previsto para 2005, tratará
da simplificação da legislação do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
com a unificação de suas 27 legislações e
a modificação na escala de alíquotas. Finalmente,
em 2007, será implantado o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e
serão unificadas as contribuições sociais.
Enquanto avançam os entendimentos para fazer aprovar a reforma
tributária, líderes governistas mobilizarão suas
bancadas para garantir a conclusão da reforma da Previdência.
Amanhã, a Comissão de Constituição e Justiça
do Senado retoma a votação das emendas apresentadas em plenário.
Relator da proposta, o senador Tião Viana (PT-AC) rejeitou mais
de três centenas de sugestões.
A votação será aberta nesta amanhã e poderá
se estender ao longo da semana dado o volume de emendas. Concluída
na comissão, a reforma da Previdência volta ao plenário,
onde será apreciada em primeiro turno, possivelmente no dia 25.
O relator tem acenado com a possibilidade de modificar as regras do subteto
do funcionalismo público instituindo um subteto único para
os Estados, reivindicação dos partidos de oposição
e do PMDB.
Estrategistas do governo fazem forte pressão sobre os senadores
governistas. Chefe da Casa Civil, o ministro José Dirceu encontrou-se
com a bancada do PT na semana passada para pedir apoio às reformas.
O ministro petista tem abordado parlamentares de outras legendas com o
mesmo objetivo. Além dos encontros com as bancadas, Dirceu tem
recorrido a conversas reservadas, em seu gabinete no Planalto.
Um mapeamento de votos feito pela senadora Roseana Sarney (PFL-MA) indica
que o governo ainda enfrenta dificuldade para colocar as reformas em votação
com segurança. Para aprovar as emendas no plenário do Senado,
são necessários 49 votos. Os partidos de oposição
estão convencidos do sucesso das negociações. Com
calendário apertado e sem votos entre seus próprios aliados,
o governo terá de ceder a seus adversários.

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