Quarta-feira, 03 de dezembro
de 2003
Jornal
do Brasil
Berzoini negocia reforma no Senado
Ministro da Previdência promete apresentar estudo
questionando viabilidade de propostas feitas à emenda paralela
Doca Oliveira
BRASÍLIA - O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini,
puxou o freio das negociações em torno da emenda constitucional
com alterações na reforma da Previdência. Reunido
com o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), o ministro pressionou
pela manutenção das regras de transição já
negocidas e descartou diminuir o índice redutor a ser aplicado
sobre as pensões.
Acompanhado de representantes de 15 entidades ligadas aos servidores públicos,
Paim deixou o encontro apostando na conclusão das negociações
e na aprovação da emenda paralela pela Comissão de
Constituição e Justiça do Senado ainda hoje. Berzoini
prometeu estudar o impacto fiscal da revisão da regra de transição
e dar uma resposta ao Senado.
- Se o ministro tem uma posição e os sindicalistas outra,
cabe ao parlamento atuar como mediador e encontrar uma saída -
disse Paim.
Interessados no acordo, os partidos de oposição aceitaram
retirar a obstrução e até mesmo derrubar os prazos
regimentais de tramitação da emenda paralela. Mas, pela
manhã, o PFL condicionava o gesto ao atendimento de todas as reivindicações
dos sindicalistas, cuja pauta extrapolava o acordo preliminar fechado
entre os partidos no Senado. A tendência do bloco adversário,
entretanto, é fechar em torno da pauta inicial, já acertada
com o governo.
- Até agora, o ministro Berzoini foi duro e inflexível
- reclamou o líder do PFL, no Senado, José Agripino Maia
(RN).
Relator da reforma da Previdência, o senador Tião Viana
(PT-AC) pretendia fechar o texto da emenda paralela na noite de ontem.
Está garantida a mudança no subteto do funcionalismo estadual,
com a inclusão de um mecanismo que garante aos governadores a prerrogativa
de fixar os salários dos servidores do Executivo na faixa de intervalo
entre os próprios vencimentos e o teto dos salários de um
desembargador.
Também estão mantidas a criação de uma faixa
de isenção da cobrança de contribuição
previdenciária sobre servidores inativos que sofram de doenças
incapacitantes e a extensão da equivalência salarial para
todos os servidores públicos. Mudanças no redutor das pensões,
informou o senador Tião Viana, estão descartadas.
- Abrir uma negociação ampla neste momento seria decretar
o fim da reforma da Previdência. Nós avançamos bastante
- avaliou Viana.
Hoje pela manhã, líderes dos partidos governistas e do
bloco de oposição terão reunião decisiva com
o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para discutir os
procedimentos de votação da emenda paralela. Tião
Viana deve apresentar a seus colegas o texto final da emenda e negociar
sua tramitação regimental na casa. Preocupados em evitar
a promulgação isolada da reforma da Previdência original,
cujas regras são mais duras, os partidos prometem fazer um grande
esforço para fazer avançar as mudanças.

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