Terça-feira, 09 de dezembro
de 2003
Jornal
do Brasil
Governo negocia fim da guerra fiscal
Cofins ainda divide oposição
Doca de Oliveira
BRASÍLIA - Partidos governistas e de oposição acertaram
ontem solução intermediária para o fim da guerra
fiscal. A política de incentivos fiscais será encerrada
com a promulgação da emenda constitucional da reforma tributária
e uma lei complementar vai definir os critérios para tornar válidos
os subsídios concedidos até o dia 30 de setembro. Ao fim
da derradeira rodada de negociações no Senado, o PFL deu
os primeiros sinais de forte divisão interna em torno da reforma.
Líder do PFL, José Agripino Maia (RN) informou ontem que
o partido vai manter a defesa da retirada da incidência da Cofins
sobre as importações, entre outros pontos não atendidos.
Quer atrelar à reforma a tramitação da MP que retira
o efeito cumulativo desta contribuição, que tramita na Câmara.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça,
o senador Edison Lobão (PFL-MA) admitiu que uma posição
inflexível do líder poderá levar à dissidências
na bancada. O governo já conta com isso e aposta na conquista de
boa parte dos votos do PFL, a despeito da orientação em
contrário de Agripino.
Negociador da emenda pelo PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) admitiu
reações negativas entre setores do seu partido. O texto
final da reforma tributária será discutido hoje pelos partidos.
Pressionado pelo calendário curto, o governo deseja fechar acordo
de procedimentos que permita apreciar 536 emendas e votar a proposta na
CCJ amanhã. Se o cronograma for mantido, a emenda será apreciada
pelo plenário quinta-feira.
Líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) minimizou
a ameaça de racha dos pefelistas. Na sua avaliação,
não há cenário para divisões já que
o partido participou ativamente das negociações e teve boa
parte de suas reivindicações contempladas. Do ponto de vista
técnico, diz o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), não há
divergências.
- Do ponto de vista político, a única pendência é
a questão da Cofins -, frisou.
Segundo ele, mantido o texto fechado ontem, a guerra fiscal será
efetivamente encerrada até maio do ano que vem, quando a Câmara
terá concluído a reforma e o Congresso já estará
debruçado sobre a regulamentação. Para ele, o assunto
estará resolvido antes do aquecimento do calendário eleitoral.
Líderes do governo no Senado farão um esforço para
melhorar o calendário de aprovação das reformas.
Prevista para o próximo domingo, a apreciação da
emenda constitucional que impõe modificações à
reforma da Previdência pode ser antecipada para a sexta-feira, atendendo
a pedido do PMDB, que realiza suas convenções estaduais
no fim de semana.

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