Domingo, 30 de novembro de 2003
O DIA
COLUNA DO SERVIDOR
Teresa Cristina Fayal
Taxados duas vezes
A taxação de inativos foi aprovada no Senado,
mas o Governo ainda não pensou como vai fazer para cobrar os
11% dos aposentados que têm mais de uma matrícula. O caso
se aplica a professores, médicos e profissionais da Saúde
(dentistas, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos,
enfermeiros, biólogos e fisioterapeutas) com direito a acumular
até dois cargos no serviço público. O próprio
Ministério da Previdência admite não ter estudado
uma solução para a dupla matrícula. Se o servidor
for taxado sobre a soma das duas matrículas, a cobrança
será maior. Nessa hipótese, muitos que poderiam ficar
isentos virão a sofrer descontos. É preciso estudar pelo
menos três possibilidades: o funcionário pode ter duas
matrículas na União, duas no estado ou duas no município.
Há ainda a possibilidade de ocupar cargos em até duas
esferas.
No IR, cobrança é sobre o total
A taxação de inativos será de 11%
sobre a parcela do vencimento superior a R$ 1.440 (União) e R$
1.200 (estados e municípios). Para entrar em vigor, terá
que cumprir noventena (prazo de 90 dias após a promulgação
da reforma). Se for levada em consideração a lógica
do Imposto de Renda, o servidor que acumula funções será
taxado com base no total dos vencimentos. A União também
poderá optar por cobrar o desconto previdenciário de acordo
com cada matrícula.
Regra virá em portaria
A solução para a taxação dos
inativos com dupla matrícula virá com a publicação
de portaria, que terá que ser assinada pelo ministro da Previdência
Social, Ricardo Berzoini. Mesmo com a aprovação da reforma
na Câmara e no Senado, o ministro ainda terá que desvendar
detalhes importantes como esse, que ficaram de fora do texto.
Mordida
Se o Governo optar por fazer a cobrança sobre o
total da renda do servidor, será preciso definir ainda sobre
que faixa salarial haverá o desconto. Poderá ser feito
pelas regras federais acima dos R$ 1.440 ou dos estados
e municípios parcela acima de R$ 1.200. Além disso,
a União terá que criar mecanismos para verificar a renda
total do inativo. Hoje, o aposentado por esferas distintas recebe contracheques
diferentes. Sendo assim, o Governo tem duas opções: ou
unifica os pagamentos ou obriga o servidor a declarar sua renda, como
no IR, para que a cobrança seja feita sobre o total dos vencimentos.
