Quinta-feira, 11 de dezembro de 2003
TRIBUNA
DA IMPRENSA
Palocci intervém e Receita paga
restituições do IR até o dia 30
SÃO PAULO - O governo voltou atrás e resolveu
pagar todas as restituições do Imposto de Renda da Pessoa
Física (IRPF) 2003, ano-base 2002, até o dia 30 deste mês.
Desta forma, o segundo lote extra de 600 mil restituições,
que não tinha data definida para pagamento, será liberado
pela Receita ainda neste ano. O Fisco anunciou ontem que haverá
um lote extra, somando 1,2 milhão de declarações,
que será pago dia 30.
Ontem, a Receita liberou a consulta ao sétimo lote de restituição
do ano, que beneficiou 669 mil pessoas, que receberão cerca de
R$ 500 milhões no dia 15. O ministro da Fazenda, Antônio
Palocci, teve de intervir na discussão entre a Receita Federal
e o Tesouro Nacional para garantir a liberação de recursos
até o final do mês. "Fico feliz de poder dar essa informação
ao contribuinte", disse o coordenador do programa do Imposto de Renda,
Joaquim Adir.
A divisão do pagamento do último lote de restituições
do imposto de renda é inédita. De acordo com o Fisco, todas
as declarações do IRPF 2003 já foram processadas.
A consulta ao lote extra deve ser liberada às vésperas do
Natal. O pagamento parcelado do último lote de restituição
reflete a baixa disponibilidade de recursos do Tesouro Nacional.
Segundo Joaquim Adir, houve um descasamento entre o volume de restituições
a pagar e o cronograma de liberação de recursos por parte
do Tesouro. A redução do número de contribuintes
na malha fina foi a justificativa dada por Adir para essa diferença.
"Reduzimos de 1,5 milhão para 530 mil o número de declarações
em malha", disse o técnico.
Técnicos culpam prefeituras por atrasos
A liberação das restituições do Imposto de
Renda está atrasada neste ano. Segundo técnicos, a demora
foi motivada por um pedido das prefeituras, que se queixaram ao ministro
da Fazenda que estavam recebendo repasses baixos do Fundo de Participação
dos Municípios (FPM). Como esse Fundo é formado por parte
das receitas do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), nos meses em que havia pagamentos
grandes de restituição o repasse aos prefeitos também
caía.
As restituições, tanto do dia 15 quanto do dia 30, terão
o mesmo índice de correção: 13,34%, que corresponde
à variação da taxa Selic nos meses de maio a novembro
e de mais 1% referente a dezembro. Esse valor não mais sofrerá
qualquer acréscimo, independentemente da data em que o contribuinte
receba a sua restituição. As informações estarão
disponíveis no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br)
e no Receitafone (0300780300).
De acordo com uma nota da Receita Federal, o contribuinte com direito
à restituição que não solicitou crédito
em conta poderá fazê-lo a partir do dia 15 de dezembro. Esses
valores estarão disponíveis no Banco do Brasil, onde o contribuinte
poderá optar pela transferência para qualquer agência.
Outra possibilidade é ligar para o "BB responde 0800-785678"
para agendar o crédito em conta corrente ou de poupança
em seu nome, em qualquer banco.
Fisco vai restringir declaração
em papel
BRASÍLIA - A Receita Federal quer reduzir em 2004 o número
de declarações do Imposto de Renda feitas por meio de formulários
de papel. Para isso, será editada nos próximos dias uma
instrução normativa fixando algumas limitações
para o uso desse tipo de meio de envio de declaração. Segundo
o coordenador nacional do Programa do Imposto de Renda, Joaquim Adir,
todos os contribuintes com renda tributável em atividade rural,
ganho de capital e renda variável não poderão mais
usar o formulário de papel.
"Quem tiver renda proveniente dessas operações terá
de fazer a entrega da declaração em meio magnético",
disse Adir. O número de declarações em papel é
muito baixo. Dos 17,5 milhões de declarações entregues
este ano, apenas 833 mil foram por meio de formulário de papel.
Os contribuintes com renda anual superior a R$ 100 mil também estarão
proibidos de usar o formulário impresso.
Segundo Adir, o custo da transcrição dessas declarações
para meio magnético, para posterior análise da Receita,
é muito alto. "A transcrição de uma declaração
dessa acaba mais cara do que 100 outras", argumenta Adir.
A Receita também introduzirá algumas mudanças no
programa de declaração do Imposto de Renda em 2004. Os contribuintes
que têm dependentes terão de informar na declaração
o número do CPF de cada filho. Com essa informação,
essas pessoas não serão mais obrigadas a fazer a declaração
anual de isentos.
Se a proposta facilita a vida de alguns, melhora ainda mais à
dos técnicos da Receita, que estão encarando um aumento
forte no volume de declarações de isentos. "Este ano
recebemos cerca de 55,5 milhões de declarações",
disse Adir.
Educação
A declaração de gastos com educação também
sofrerá uma pequena mudança. Essas despesas não serão
mais declaradas em um bloco único, ou seja, o contribuinte especificará
quanto gastou por dependente com instrução ao longo do ano.
Segundo Adir, muitas declarações estavam caindo em malha
devido a erros nesse item.
"A declaração dessa despesa por dependente será
mais fácil", afirma. Todo contribuinte pode deduzir do Imposto
de Renda até R$ 1.998,00 gastos com educação de cada
dependente. Até o final desta semana, a Receita colocará
á disposição na internet (www.receita.fazenda.gov.br)
uma versão do programa de declaração do IR de 2004.
"Até o dia 7 de janeiro, as pessoas poderão avaliar
o programa e mandar sugestões para a Receita", disse Adir.
O programa oficial para declaração do IR de 2004 (ano-base
2003) estará disponível a partir de 1º de março.
Mínimo não
terá aumento real e deve ficar em R$ 259 em 2004
BRASÍLIA - O salário mínimo não terá
aumento real em 2004, no que depender do relatório do Orçamento
apresentado ontem na Comissão Mista de Orçamento. O mínimo
deve subir de R$ 240 para apenas R$ 259. De acordo com o relatório
"Trabalho e Previdência Social", não há
dinheiro para conceder um ajuste superior a 7,92% em abril próximo.
A base governista, entretanto, diz que a decisão final caberá
ao presidente Lula.
Para o relator Roberto Balestra (PP-GO), o aumento do mínimo repercute
nas contas públicas com a alta dos gastos previdenciários
e assistenciais.
De acordo com ele, cada R$ 10 de aumento do mínimo vai acarretar
um impacto líquido de R$ 1,4 bilhão nos gastos da Previdência
com o seguro-desemprego e a Lei Orgânica da Assistência Social
(Loas) - que assegura um salário a pessoas acima dos 65 anos.

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