quarta-feira, 23 de julho de 2003
Folha de S.Paulo
NA MARRA
Liderados por "radical", grevistas tentam
invadir reunião do PT
Servidores tumultuam Câmara
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um protesto de servidores contra a reforma da Previdência causou
tumulto ontem na Câmara dos Deputados. Houve empurra-empurra e início
de pancadaria quando os seguranças tentaram impedir que cerca de
30 funcionários invadissem reunião da bancada do PT.
A marcha do funcionalismo em direção à reunião
do PT foi liderada pelo deputado João Fontes (PT-SE), ameaçado
de expulsão da legenda. Durante o protesto os deputados Babá
(PA) e Luciana Genro (RS), que também sofrem processo disciplinar,
se juntaram ao grupo.
Os servidores estavam num seminário no Senado. Eles furaram a
segurança e foram em direção à Câmara:
"Passamos por três barreiras de seguranças do Senado
para cá. Uma na porta do Senado, outra no salão verde [Câmara]
e outra mais adiante. Levei soco e pontapé nos rins", disse
Carlos Jorge, sindicato dos policiais civis de Alagoas.
Os servidores queriam ser recebidos pela liderança do PT, o que
foi recusado. Na porta da reunião, eles gritaram slogans e fizeram
um apitaço para inviabilizar a reunião. "Eles concordaram
em receber um de cada entidade. Quando eu disse que eram 53 entidades,
eles não concordaram", disse Janio Gandra.
Enquanto os "radicais" eram ovacionados, o presidente do PT,
José Genoino, e o deputado Professor Luizinho (PT-PR) eram os mais
atacados na reunião. Genoino chegou a ser chamado de "dedo-duro
do Araguaia", em referência à guerrilha (1972-1974)
na qual atuou. Os servidores jogaram moedas e uma nota de R$ 20 em Genoino.
Na reunião do PT foi fechada questão a favor do relatório
do deputado José Pimentel (PT-CE) sobre a reforma da Previdência,
contrariando deputados da ala à esquerda do partido. O deputado
Walter Pinheiro (BA) saiu do encontro chutando uma lata de lixo no corredor.
(FERNANDA KRAKOVICS E RANIER BRAGON)
Servidor do BC decide parar na parte
da manhã
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os funcionários do Banco Central decidiram ontem pela paralisação
das 9h às 12h esta semana, em protesto contra a reforma da Previdência.
Em greve desde 8 de julho, os servidores federais disseram que vão
radicalizar -paralisando portos ou aeroportos.
Segundo Paulo Palovi, presidente do Sinal (Sindicato Nacional de Trabalhadores
do Banco Central), o objetivo da paralisação é prejudicar,
principalmente, o departamento de meio circulante do BC, em que os bancos
pegam dinheiro ao abrir suas agências.
Os servidores do banco fazem nova assembléia na sexta-feira para
decidir se aderem à greve por tempo indeterminado.
Base aliada define apoio parcial à
previdenciária
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os partidos da base aliada do governo fecharam ontem um acordo para aprovar
a proposta da reforma da Previdência na comissão especial
da Câmara dos Deputados, mas deixaram claro que vão tentar
alterar o texto até a votação no plenário,
o que deve ocorrer no mês que vem.
Os líderes da base aliada definiram o apoio parcial ao relatório
do deputado José Pimentel (PT-CE) -que vai a votação
na comissão amanhã, de acordo com o cronograma do governo-
em duas reuniões com o ministro José Dirceu (Casa Civil),
que cobrou fidelidade dos aliados. "Quem é da base tem que
mostrar agora que é da base", afirmou, segundo presentes aos
encontros.
Os aliados criticam principalmente as concessões feitas aos governadores
e a suposta ineficiência deles para convencer as bancadas de seus
Estados na Câmara a apoiar o restante do projeto.
As principais discordâncias são em relação
ao subteto salarial do Judiciário nos Estados, fixado em 75% dos
vencimentos de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), e a faixa
de isenção de R$ 1.058 para a redução das
pensões -itens definidos para atender à pressão dos
governadores.
Os deputados da base aliada querem que o subteto seja de 90,25% do salário
do STF e que o piso para o desconto dos pensionistas suba para R$ 2.400.

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