Terça-feira, 16 de setembro
de 2003
Folha de S.Paulo
Previdenciária:
Viana apresentará seu parecer amanhã
Líder do PT no Senado quer ajustes
no projeto aprovado pela Câmara
RAQUEL ULHÔA / DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), afirmou ontem
pela primeira vez que irá propor mudanças no texto da reforma
da Previdência aprovado pela Câmara. O texto precisa de pequenos
ajustes. Viana é relator da proposta e vai apresentar seu parecer
amanhã à CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça).
Sem adiantar detalhes e dizendo que as alterações podem
não implicar retorno à Câmara, ele admitiu mudanças
nas regras do subteto (soma das remunerações dos servidores
do Executivo estadual e municipal), na estatização do seguro
de acidente de trabalho (incluída pela Câmara) e nos critérios
de gestão dos fundos de pensão complementar. Disse ainda
que poderá ser sensível aos apelos dos senadores por mudanças
nas regras de transição.
Ocorre que, se houver alteração de mérito, a reforma
tem de voltar à Câmara. Nesse caso, só volta para
apreciação o trecho que foi alterado, mas o relator disse
buscar alternativas para evitar que isso aconteça: Se voltar à
Câmara, a reforma fica sujeita a todo risco e toda pressão.
Viana também admitiu que o impasse em torno da reforma tributária
vai atrasar a votação da reforma da Previdência no
Senado. Por seus novos cálculos, o primeiro turno será na
segunda quinzena de outubro. A previsão inicial era 8 de outubro,
mas, diante de manobras protelatórias da oposição,
já havia passado para 15 de outubro. O governo também está
preocupado com o risco de a reforma não ser aprovada.
Os senadores do PFL, do PSDB e do PDT reagem ao que foi votado na Câmara
[na emenda do sistema tributário] e, por isso, ameaçam não
votar a reforma da Previdência. Juntos, os três têm
34 votos, o que nós deixa no limite do voto, disse Viana. Para
aprovar uma emenda constitucional, são necessários 49 votos
favoráveis (três quintos) dos 81 senadores.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), aproveitou
ontem a ausência do ministro Ricardo Berzoini (Previdência)
em audiência pública sobre a reforma para reafirmar a disposição
da oposição de obstruir a tramitação da reforma
da Previdência, enquanto o governo não negociar mudanças
na reforma tributária.
O ministro havia se comprometido a comparecer a todas as reuniões.
Estou decepcionado. O nível de boa vontade do PSDB [com a reforma
da Previdência] é nenhuma e esse comportamento não
reverte em simpatia a favor do governo, disse. A reclamação,
principalmente dos senadores do Norte e Nordeste, é que a Câmara,
em negociações de última hora, incluiu no texto privilégios
para São Paulo, Rio e Minas Gerais.
Uma das hipóteses que estão sendo analisadas na questão
do subteto é a seguinte: manter os salários de governador
e de prefeito como teto da remuneração total do servidor
do Estado e do município, respectivamente, mas incluir no texto
um dispositivo que permita aos chefes dos Executivos fixar um limite diferente.
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