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Sexta, 14 de novembro de 2003
Folha de S.Paulo
IMPOSTOS
Segundo o governo, resultado mostra retomada econômica;
em relação ao mesmo mês de 2002, houve queda de 6,24%
Receita tributária cresce 20%
em outubro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação
de tributos federais registrou crescimento de 20,02% em outubro quando
comparada com setembro. Passou de R$ 21,3 bilhões para R$ 25,6
bilhões no período, segundo dados divulgados ontem pela
Secretaria de Receita Federal.
Foi o segundo
crescimento consecutivo nas receitas do governo e o segundo melhor outubro
em termos de arrecadação, superado somente por outubro de
2002. Para o secretário-adjunto da Receita Federal Ricardo Pinheiro,
isso indicaria a recuperação da atividade econômica.
Em setembro, a arrecadação já havia registrado uma
alta de 6,69% na comparação com os dados de agosto.
Quando se
compara a arrecadação do conjunto de tributos federais no
mês passado com outubro de 2002, houve uma queda de 6,24%, conforme
os dados do governo. Isso reflete o mau desempenho da economia brasileira
no primeiro semestre deste ano.
O melhor indicador
da recuperação do nível de atividade é dado
pela arrecadação da Cofins (Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social), que vem aumentando mês a
mês.
Para a Receita, a Cofins é o melhor termômetro sobre o crescimento
econômico porque ela incide sobre o faturamento das empresas. "A
Cofins sinaliza uma razoável recuperação da economia",
disse Pinheiro ontem.
Em outubro
foram arrecadados R$ 5,5 bilhões com a Cofins. Em julho, a contribuição
teve o seu pior momento, com uma arrecadação de R$ 4,7 bilhões.
No ano, a
arrecadação da contribuição é de R$
227,8 bilhões -valor acima das previsões, mas 3,23% inferior
ao total de 2002.
Receitas
atípicas
Pinheiro explicou
que a queda na arrecadação geral em relação
ao ano passado também está relacionada às receitas
atípicas recebidas em 2002, no valor de R$ 16,7 bilhões
até outubro. No mesmo período deste ano entraram R$ 4,8
bilhões em receitas atípicas.
Particularmente
em outubro do ano passado houve uma desvalorização expressiva
do real, o que elevou os ganhos dos investidores que estavam protegidos
com aplicações em dólar. Somados ao efeito da desvalorização
nos impostos vinculados à importação, esses ganhos
totalizaram R$ 1,5 bilhão em outubro de 2002.
Portanto,
parte da redução na arrecadação de outubro
deste ano em relação ao ano passado pode ser explicada pela
desvalorização.
Em outubro,
uma empresa estatal pagou R$ 822 milhões de Imposto de Renda atrasado.
Com os pagamentos atrasados de outras empresas, a Receita recebeu R$ 904,2
milhões. O nome das empresas não foi divulgado.
Além
disso, foram cinco semanas de arrecadação em outubro contra
quatro em setembro. Também foi arrecadado R$ 1,9 bilhão
com royalties de petróleo contra R$ 773 milhões em setembro.
Este ano vem
sendo marcado por uma queda de receita por causa de liminares contra o
pagamento de impostos. Entre IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
e Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis)
a perda é de R$ 2,2 bilhões.
A Receita
também verificou que a captação dos fundos de renda
fixa voltou a crescer neste ano após a crise de confiança
na aplicação que aconteceu em 2002. A tributação
dos rendimentos desses fundos passou de R$ 5,3 bilhões em 2002
(em valores correntes) para R$ 7,5 bilhões neste ano.
O governo
ainda obteve mais R$ 901 milhões entre julho e outubro devido ao
novo Refis -parcelamento de dívidas com anistia de multas e correção
menor.

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