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Segunda-feira, 24 de novembro de 2003
Folha de S.Paulo
REFORMA AOS PEDAÇOS
Último nó na Previdência,
que começa a ser votada no plenário amanhã, é
subteto salarial nos Estados
Governo tenta acordo para 1º teste
no Senado
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma negociação
com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), sobre as
regras dos subtetos salariais dos Estados, o governo tenta desatar hoje
o último nó da reforma da Previdência, que começa
a ser votada amanhã no plenário no Senado, em primeiro turno.
Para o governo,
a votação de amanhã é o primeiro teste no
plenário do Senado na tramitação das reformas -tributária
e da Previdência. O Planalto avalia que a aprovação
da tributária será mais difícil e por isso trabalha
até com o fatiamento em três etapas.
Na previdenciária,
por causa de problemas locais, Rigotto quer tirar do texto aprovado na
Câmara dos Deputados o dispositivo que limita os salários
dos servidores do Executivo à remuneração do governador
do Estado.
Governadores
do PSDB não aceitam a alteração. O líder do
governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), busca fechar um acordo antes da votação
de amanhã.
Em outra frente,
o governo inicia hoje discussões técnicas com a oposição
sobre o texto da reforma tributária, que entra nesta semana no
prazo de discussão em plenário e apresentação
de emendas. Há um acordo político para a implantação
da reforma em três etapas, mas falta a definição do
que entra em cada fase.
A coincidência
de tramitação das reformas previdenciária e tributária
no Senado exige do governo cautela nessa fase final das negociações
para evitar que insatisfações em relação a
uma delas prejudiquem a votação da outra.
Na queda-de-braço
do subteto, o Palácio do Planalto não pode desagradar ao
PMDB, partido que tem a maior bancada do Senado e é um aliado estratégico
para a aprovação das reformas -de seus 22 senadores, apenas
três votam contra a previdenciária. Mas o governo também
depende de votos na oposição.
Votos
Para uma emenda
constitucional ser aprovada no plenário, são necessários
49 votos a favor. O bloco governista (PT, PSB, PTB e PL) tem 23 senadores
-pelo menos a senadora Heloísa Helena (PT-AL), afastada da bancada
petista, é contra a reforma. O PPS também é aliado,
mas tem apenas dois senadores.
A favor da
reforma da Previdência o governo conta com 43 votos em sua base
(22 do PMDB, 19 do bloco e 2 do PPS) e cerca de 11 na oposição
(quatro senadores pefelistas e sete tucanos). Os números, no entanto,
podem mudar.
No PFL, a
posição dos três senadores baianos (não incluídos
entre os quatro acima) é considerada uma incógnita. Eram
favoráveis, mas podem votar contra, dependendo de como ficarem
as negociações na tributária.
Na reforma
tributária, os cálculos são outros. A posição
de cada senador depende menos do partido e mais dos interesses de seus
Estados. Por isso, vai contar a pressão dos governadores.

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