|
Segunda, 01 de dezembro de 2003
Folha de S.Paulo
TRIBUTAÇÃO
Alíquota máxima de 27,5% tende a ser mantida, sem alteração
dos valores dos abatimentos com saúde e educação
Governo deve desistir de reajustar tabela
do IR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deve
desistir de alterar a legislação do Imposto de Renda das
pessoas físicas para o exercício de 2004. Tudo tende a ficar
como está: a alíquota máxima continuará sendo
de 27,5%, embora estivesse prevista a queda para 25% a partir de janeiro.
Tampouco as deduções de despesas médicas e educacionais
devem ser alteradas.
A decisão,
conforme a Folha apurou, foi tomada na semana passada, a partir de análises
feitas pela Receita Federal e repassadas a lideranças do PT no
Congresso Nacional. Batido o martelo, o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), pretende submeter o assunto à deliberação
dos deputados até quarta-feira.
A despeito das pressões
que vem recebendo, inclusive de parlamentares que integram a base de apoio
no Congresso, o governo descartou também a hipótese de promover
a correção da tabela do Imposto de Renda.
Uma correção
de apenas 10% no limite de isenção da tabela significaria
perda anual de mais de R$ 1 bilhão nas contas do governo. Para
os contribuintes com renda líquida mensal acima de R$ 1.164, significaria
ganho de apenas R$ 15,90 por mês, ou seja, R$ 190,80 por ano.
Como nem o governo
federal nem os Estados aceitam perder, os deputados da base aliada vêm
tentando encontrar compensações dentro da tabela que minimizem
essas perdas para negociar com a área econômica.
No Congresso Nacional,
começa amanhã a discussão em plenário do projeto
de lei que mantém a alíquota de 27,5% nos próximos
anos. João Paulo, segundo o deputado José Pimentel (PT-CE),
deve manter o atual relator do projeto, o deputado Antonio Cambraia (PSDB-CE).
Ele defende a correção de 22,87% na tabela atual. Se essa
correção fosse aplicada, o limite de isenção
subiria de R$ 1.058 para R$ 1.300.
Mudar proposta
A idéia do
governo é alterar a proposta de Cambraia ou derrubar seu parecer
porque as contas feitas indicam perda de arrecadação de
R$ 3,7 bilhões com a correção de 22,87%.
Amanhã, os
líderes dos partidos da base aliada têm reunião marcada
com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, para decidir
o que fazer em relação à tabela de desconto na fonte.
Pimentel explicou
que a idéia de reduzir o valor dos gastos com educação
para a faixa de renda mais alta, aumentando o desconto para a faixa inferior,
tem o problema de prejudicar mais as famílias que têm mais
filhos em escolas particulares. Criar um limite de dedução
para as despesas com saúde também não compensaria
as perdas com a correção de 10%.
A Folha apurou que
a Receita tem estudos que indicam a possibilidade de compensação
para a correção do limite de isenção com mudanças
na forma de cálculo das deduções. Mas, para evitar
novas dificuldades, não deve enviar nenhuma proposta sobre isso
para o Congresso neste ano.
Pela proposta, seria
criado um desconto único de 20% do imposto devido para os contribuintes
que estão acima do limite de isenção. Nesse caso,
ganhariam os contribuintes que estão na faixa de 15% (renda mensal
acima de R$ 1.058 até R$ 2.115). Por sua vez, perderiam os contribuintes
que estão na faixa de 27,5% (mais de R$ 2.115 por mês).
Pimentel, que está
reunindo informações sobre o IR para a liderança
do governo, também disse que "não há clima"
no Congresso Nacional para o aumento do número de alíquotas
da tabela.

|