segunda-feira, 28 de julho de 2003
Jornal do Brasil
Lula convoca ministros pela reforma
Ofensiva do governo visa unificar defesa da proposta aprovada pela
comissão especial e ouvir as demandas da base aliada
DOCA DE OLIVEIRA
BRASÍLIA - Atendendo a determinação expressa do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros vão engrossar
o esforço político pela aprovação da reforma
da Previdência sem novas alterações. A ofensiva do
governo tem dois objetivos: unificar a defesa da proposta aprovada pela
comissão especial e ouvir as demandas da bancada governista no
Congresso.
Entre um afago e outro, os estrategistas do governo esperam neutralizar
o ressentimento que toma conta dos aliados e compromete o bom andamento
do calendário. Políticos de todos os partidos da coalizão
que apóiam o presidente reclamam da dificuldade de acesso aos ministros
e da demora na formalização da nomeação de
afilhados políticos em postos da administração pública.
A operação política pela aprovação
da reforma da Previdência será restrita aos bastidores dos
gabinetes mais estrelados no governo e no Congresso e terá duas
faces. Uma delas, visível, será a reunião do chefe
da Casa Civil, José Dirceu (PT), amanhã, com os líderes
dos partidos governistas para definir o cronograma e afinar o discurso.
O presidente Lula vai procurar os governadores para pedir apoio no Congresso.
Operadores do governo na Câmara passaram a evitar o endosso a novas
negociações com o Judiciário para facilitar a aprovação
da reforma. Na avaliação do Palácio do Planalto,
o ideal é manter a proposta original. Diante da pressão
iminente, integrantes do governo avaliam que a única saída
para o impasse seria construir um acordo para garantir a reforma em caso
de algum questionamento judicial chegar ao Supremo Tribunal Federal
- O problema em baixar o teto para 75% ou 85% é que o Judiciário
pode derrubar depois e, aí, não teremos regra nenhuma -
diz um influente político governista.
A outra face da ofensiva do governo será a inversão da
pauta de prioridades de votação na Câmara. A orientação
é avançar a reforma tributária e votar um parecer
final à proposta original ainda esta semana. Além disso,
o governo pretende aprovar projetos de seu interesse, como a Lei de Falências,
que deve ser apreciada em plenário na terça-feira.
O impasse com o relator da proposta, Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), foi superado
e o parecer foi considerado tecnicamente perfeito pelo governo. Além
disso, está selado um acordo com setores da oposição,
principalmente o PFL, para garantir que a Lei de Falências seja
aprovada esta semana.
Se tudo correr dentro das expectativas do Planalto, a reforma da Previdência
começará a ser discutida em plenário no dia 5. Se
houver condições políticas - a certeza do apoio de
no mínimo 308 deputados -, será votada na primeira semana
de agosto. A data mais provável, pelos cálculos de políticos
governistas, é 12 de agosto. Até lá, esperam reacomodar
a bancada e esfriar os ânimos do Judiciário.

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