quinta-feira, 14 de agosto de 2003
Jornal
do Brasil
Governo cede mais e encerra 1º
turno
Acordo com PFL fixa redutor para pensões acima de R$ 2.400 em
30%, na última reviravolta da reforma da Previdência
PAULO DE TARSO LYRA
BRASÍLIA - Um acordo de última hora, fechado entre o governo
e o PFL, garantiu ontem o término da votação, em
primeiro turno, da reforma da Previdência na Câmara. Por 444
votos a favor, 7 contra e 10 abstenções, o plenário
aprovou emenda aglutinativa reduzindo de 50% para 30% o redutor das pensões
acima de R$ 2.400.
Na derradeira votação em primeiro turno, o governo cedeu
à pressão do PFL, rendendo-se à evidência de
que não tem 308 votos na base para aprovar emenda constitucional.
Em troca, o partido garantiu que não serão apresentados
destaques ou emendas no segundo turno, marcado para a próxima quarta-feira.
Na emenda, foi incluído pedido do PSDB que garantiu aposentadoria
integral para quem, além dos dez anos na carreira, permanecer cinco
anos no cargo, a elevação de R$ 1.200 para R$ 1.440 do teto
de isenção da taxação dos inativos e o pagamento
da pensão integral, até o teto de R$ 2.400 - com redutor
de 30% - às viúvas de servidores que morrerem antes de cumprir
todos esses requisitos.
- Mais do que aprovar a proposta, é preciso ressaltar que não
haverá destaques em segundo turno. Estamos entregando ao Senado
e ao país a reforma da Previdência. Cumprimos nosso papel
- comemorou o vice-líder do governo na Câmara, Professor
Luizinho (PT-SP).
Apesar da vitória, o governo terá de aparar as arestas
deixadas pela votação de ontem. O destaque do PFL sobre
as pensões, rejeitado por 361 votos contra 104 e nove abstenções,
mostrou, mais uma vez, a cisão na bancada do PT. Das nove abstenções,
oito foram do mesmo grupo de parlamentares petistas que deram o mesmo
voto ao relatório do deputado José Pimentel (PT-CE).
Outra crise envolveu o PTB. O partido não concordou em retirar
os dois destaques ao texto: um deixava de fora do teto salarial os benefícios
indiretos recebidos por servidores, outro pretendia excluir do teto de
R$ 17.430, fixado para a União, vantagens de qualquer natureza
recebida por parlamentares. Apesar de rejeitados em plenário -
sob o teto ficou apenas o salário e o auxílio-moradia dos
parlamentares -, o clima pesou entre o PTB e o líder do governo
na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
No saldo do dia, a vitória política foi do PFL. Além
de conseguir dobrar o governo no redutor das pensões, deputados
do partido ocuparam a tribuna para tripudiar a mudança de discurso
petista.
- Se não fosse o PFL, a reforma teria sido muito mais dura e cruel
com os servidores. Queremos que o governo vá à rua, olhe
nos olhos dos eleitores e diga: nós mentimos quando falamos que
não faríamos a reforma e não taxaríamos aposentados
e viúvas - declarou o líder do PFL na Casa, José
Carlos Aleluia (BA).
O acordo de ontem
- Pensões acima de R$ 2.400 terão redutor de 30%, e não
mais de 50%.
- A idade compulsória de aposentadoria dos servidores passa de
70 para 75 anos, a partir de 2012.
- Para obter aposentadoria integral, um servidor precisa cumprir os seguintes
requisitos: 60 anos de idade (homem) e 55 anos (mulher), 35 anos de contribuição
(homem) e 30 anos (mulher), 20 anos no serviço público,
10 anos na carreira e 5 anos no cargo.
- Servidor que morrer na ativa deixa pensão integral para a viúva
até R$ 2.400.
- O teto de isenção da taxação dos inativos
da União passou para R$ 1.440 (já previsto no acordo da
semana passada).

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