Quarta-feira, 24 de setembro de 2003
Jornal
do Brasil
REFORMA DE PREVIDÊNCIA
Governadores avisam que não aceitam
novas mudanças
Estados concordam em elevar subteto do funcionalismo mas recusam
outras alterações
Doca de Oliveira
BRASÍLIA - Consultados pelos poderosos do Planalto, os governadores
vetaram a ampla negociação em torno da reforma da Previdência.
Os chefes estaduais concordam que o Senado reveja o modelo do subteto
do funcionalismo público, mas rejeitam quaisquer mudanças
na regra de transição e na cobrança da contribuição
previdenciária de aposentados e servidores inativos.
Chefe da Casa Civil, o ministro José Dirceu se encarregou de informar
os limites aos líderes governistas no Senado, em reunião
na noite da segunda-feira no Palácio do Planalto. Os governadores
argumentam que as mudanças propostas pelos senadores impõem
impacto fiscal importante nas contas estaduais. Senadores da bancada governista
admitem que a negociação terá fronteiras rígidas
e não atenderá às demandas dos partidos.
Hoje, a reforma da Previdência passa pelo primeiro teste no Senado
ao ser apreciada pela Comissão de Constituição e
Justiça. O governo ainda tenta convencer os partidos de oposição
a fechar acordo de procedimentos, adiando a alteração do
texto para a votação em primeiro turno, no plenário.
Resistente, o bloco PFL, PSDB e PDT exige que o governo acate as mudanças
sugeridas.
Mapeamento preliminar dos votos na CCJ, feito por governistas, indica
vitória na votação de hoje. A bancada aliada conta
com 14 votos. A expectativa é de que a reforma seja aprovada por
15 integrantes da comissão. Avaliação mais otimista,
de senador envolvido nas negociações, aponta a possibilidade
de o governo conquistar quatro votos da oposição.
- A reforma vai passar na CCJ com tranqüilidade - diz o senador
Marcelo Crivela (PL-RJ), um dos vice-líderes do governo no Senado.
Ontem, com dificuldades para contornar a dissidência, o PMDB reuniu
a bancada no fim do dia e decidiu substituir três titulares do partido
na CCJ, caso não haja acordo. Para evitar surpresas, os senadores
Romero Jucá (RR), Ney Suassuna (PB) e o líder Renan Calheiros
(AL) devem tomar assento hoje.
Interessado em marcar posição contrária à
reforma, o PFL decidiu apresentar voto em separado com alterações.
Se a proposta for aprovada pela CCJ, o partido não apresentará
emendas no primeiro turno de votações em plenário.
Caso rejeitada, os pefelistas vão entrar com emendas e obstruir
a votação.
Com o apoio de setores aliados do governo, o bloco de oposição
deseja criar uma faixa de isenção para a taxação
de aposentados e inativos, favorecendo servidores com idade acima de 70
anos e vítimas de doenças graves. O benefício valeria
também para funcionários da ativa. O partido defende ainda
a aposentadoria compulsória para servidores que completarem 75
anos de idade e a criação de quatro fundos previdenciários,
um para cada Poder.

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