Quarta-feira, 08 de outubro
de 2003
Jornal
do Brasil
REFORMA
DA PREVIDÊNCIA
PMDB compra briga com governo
Partido insiste em mudança do subteto
Doca de Oliveira
BRASÍLIA - Maior bancada no Senado, o PMDB decidiu comprar briga
com o Planalto para garantir mudanças no subteto do funcionalismo
público nos Estados. O partido quer que os governadores tenham
os vencimentos equiparados ao salário dos desembargadores - hoje
equivalente a 90,25% da remuneração de um ministro do Supremo
Tribunal Federal - e promete apresentar emenda à reforma da Previdência
durante o primeiro turno de votações em plenário.
- Vamos votar com o relator agora, mas temos o compromisso de mudar. Não
dá para ter três subtetos diferentes. Como está, a
reforma penaliza os servidores - avisou Renan.
A divergência do PMDB se sustenta em detalhes da redação
da emenda que promoverá alterações na reforma da
Previdência. O documento altera o subteto, mas delega aos Estados
a prerrogativa de concordar ou não. Relator da reforma, Tião
Viana (PT-AC) atrela o teto do funcionalismo ao salário do desembargador,
como regra facultativa. Líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante
(PT-SP) reagiu à pressão dos peemedebistas alegando que
a elevação dos salários nos Estados poderia comprometer
a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado
concluiu ontem a primeira etapa da reforma da Previdência, mantendo
inalterado o texto aprovado pelos deputados. A bancada governista rejeitou
as 200 emendas e destaques apresentados à comissão. Aberta
pela manhã, a sessão se estendeu ao longo do dia. À
tarde, líderes dos partidos fecharam acordo para reduzir o volume
de votações e prejudicaram cerca de 1 00 das sugestões.
A reforma da Previdência será enviada ao plenário
do Senado e pode ser apreciada na primeira semana de novembro.
Até lá, os senadores discutirão, paralelamente,
uma emenda com mudanças no texto aprovado pela Câmara. Além
da regra do subteto, Tião Viana incorporou a isenção
de cobrança da contribuição previdenciária
sobre servidores incapacitados para o trabalho e o aumento do teto para
a aplicação do redutor de pensões no dobro do montante
estabelecido para a União e Estados e municípios. A emenda,
se aprovada, volta para a Câmara para dois turnos de votação.
E não impede a promulgação da reforma da Previdência
até dezembro, como deseja o governo.

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