quinta-feira, 21 de agosto de 2003

O DIA

Servidor em greve na mira de Lula
Presidente sinaliza que vai cortar ponto e diz que paralisação é quase férias

BRASÍLIA - O Governo Lula vai se empenhar em cortar o ponto dos servidores públicos que fazem greve. Foi o que deu a entender o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, em entrevista coletiva a jornalistas, ao dizer que a paralisação do funcionalismo federal é quase sinônimo de férias, porque o ponto muitas vezes não é cortado. "Todo mundo tem direitos e deveres e greve implica riscos. O Governo tenta descontar os dias parados, mas muitas vezes perde na Justiça. Isso vai ser discutido na reforma trabalhista", afirmou.

No café da manhã com a imprensa, o presidente disse ainda que quem vai acabar com os marajás é ele. Segundo Lula, ninguém no serviço público vai ganhar mais de R$ 17 mil ou terá aposentadoria de R$ 50 mil, R$ 30 mil e R$ 20 mil.

Sempre tranqüilo, ele mudou de tom quando falou do antecessor. Questionado sobre a fragilidade de sua base no Congresso e os votos da oposição que garantiram até a aprovação da Reforma da Previdência, fez uma defesa veemente do diálogo: "Fernando Henrique tinha 400 deputados e não fez as reformas por causa do PT? Isso é muito estranho. Eu, que era visto como um troglodita da oposição, me reuni com os 27 governadores e enviei para o Congresso um documento com a assinatura de todos".

De acordo com o presidente, para negociar, o Governo precisa ter alguém que pense 24 horas em política, um animal político. "Eu tenho dois animais políticos: o ministro José Dirceu (chefe da Casa Civil) e o presidente do PT, José Genoino, que, mesmo sem ser deputado, é um dos melhores deputados com que conto no Congresso", disse.
Presidente diz que o ano é de consertar o País

Lula contestou a avaliação do vice-presidente José Alencar de que 2003 será um ano perdido na área econômica. "Eu diria que este foi o ano que consertamos o País, o ano em que arrumamos a casa", disse. Mais uma vez, elogiou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, comparando-o a um médico que cuida de um paciente, dando os remédios na hora certa: "Por isso, a inflação está em declínio e os juros começaram a cair".

A aprovação da reforma política foi defendida por ele, que disse "filosoficamente" não concordar com a reeleição. Segundo Lula, FH teria saído como um Deus se cumprisse apenas um mandato. O presidente garantiu ainda que não subirá em palanques nas eleições municipais do ano que vem. "Todo mundo sabe que tenho partido e apóio seus candidatos. Mas não quer dizer que vá arregaçar as mangas. Não quero entrar no ringue".