segunda-feira, 08 de setembro de 2003
O Globo
Genoino: Senado pode impedir mais impostos
Carter Anderson
O presidente nacional do PT, José Genoino, admitiu que o projeto
de reforma tributária aprovado na Câmara dos Deputados deverá
ser alterado no Senado, principalmente para acabar com o receio de que
haverá aumento de impostos. Ao participar anteontem à noite
da cerimônia de filiação ao PT da prefeita de Magé,
Narriman Zito, Genoino voltou a negar que o projeto aumentará a
carga tributária e defendeu a aprovação de medidas
que eliminem qualquer dúvida.
- O Senado tem direito de mudar e vai mudar. A emenda não aumenta
a carga tributária e, se o Senado quiser estabelecer limites, vamos
discutir, porque nós não queremos aumentar a carga tributária.
PT agora administra 191 prefeituras no país
Além de Genoino, compareceram à cerimônia de filiação
de Narriman, na praça central de Piabetá, distrito de Magé,
a ministro da Assistência Social, Benedita da Silva, o presidente
regional do PT, Gilberto Palmares, o deputado federal Jorge Bittar e outros
dirigentes e parlamentares petistas.
Do alto de um carro de som, onde todos discursaram, Genoino garantiu
que Narriman terá o mesmo tratamento e atenção dispensados
aos prefeitos mais antigos do partido. Com a filiação de
Narriman, disse Genoino, o PT passa a administrar 191 municípios
no país. A meta para o ano que vem, disse ele, é no mínimo
manter o número de prefeituras já administradas pelo PT.
Além de Magé, o PT controla no Estado do Rio as prefeituras
de Niterói, Paracambi e Rezende.
Mudança no ICMS
beneficiará o Rio
Paulo Marqueiro
A reforma tributária, aprovada em primeiro turno na Câmara
dos Deputados, poderá gerar uma arrecadação de R$
640 milhões a R$ 1 bilhão por ano para o Estado do Rio,
segundo estimativas de parlamentares. Esses valores, entretanto, só
entrariam nos cofres do estado daqui a 11 anos. Apesar de opiniões
divergentes na bancada fluminense sobre os efeitos da reforma, existe
pelo menos um consenso: diferentemente de outros estados, como São
Paulo, o Rio, pelo menos, não sai perdendo.
- A meu ver, o dado positivo foi a mobilização da bancada,
evitando que o Rio saísse perdendo, como tradicionalmente acontecia.
Vários estados vão perder, inclusive São Paulo -
diz Eduardo Paes (PSDB-RJ).
Parlamentares divergem sobre aumento de receita
De acordo com parlamentares, o maior benefício para o Rio é
a mudança nas regras do ICMS, que passará a ser cobrado
no destino e não mais na origem, como acontece hoje. Isso beneficia
estados como o Rio, que importam mais do que exportam. Segundo Eduardo
Paes, após o período de transição para as
novas regras (11 anos), que ele considera longo demais, a mudança
deverá dar ao Rio cerca de R$ 1 bilhão por ano.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prevê receita menor. Ele estima
que em quatro anos o estado começará a arrecadar R$ 80 milhões
por ano. Esse valor aumentaria até chegar a R$ 640 milhões
em 11 anos. Mas ele ressalta que a votação ainda não
acabou e que, mesmo com a manutenção do texto, essa arrecadação
dependerá de outros fatores, como a situação da economia
do estado em 11 anos:
- Podemos dizer que o Rio não está perdendo, mas dizer
que está ganhando é temerário. Se essa mudança
ocorresse imediatamente, aí sim. Agora, acho que o Rio ganhará
na geração de empregos, com a eliminação da
guerra fiscal.
Já o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) diz que o Rio é bastante
beneficiado pela reforma tributária. Ele acrescentou que o texto
prevê a cobrança de IPVA para barcos e aviões de lazer:
- O Rio tem muitos barcos - lembrou.
O estado deverá ser beneficiado também com a inclusão
do Noroeste Fluminense no Fundo de Desenvolvimento Regional. A proposta
não está no texto, mas, segundo Bittar, existe um compromisso
dos líderes partidários para aprová-la.

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