Segunda-feira, 22 de setembro de 2003
O Globo
Viagem de Lula não desacelera
reformas
Lydia Medeiros
BRASÍLIA. A viagem do presidente Lula aos EUA, México e
Cuba não vai desacelerar o trâmite das reformas no Congresso.
No Senado, o governo quer evitar mudanças no texto da previdenciária
nas comissões. A idéia é aprovar sem retoques o parecer
do relator, senador Tião Viana (PT-AC), com votação
prevista para a quarta-feira na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ), e deixar as alterações para o plenário.
Apesar da ausência de Lula e de nove ministros que o acompanham
no exterior, os líderes afirmam que cumprirão os prazos.
Para o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), transferir
as mudanças para o plenário, além de apressar o calendário
de votações, permitiria o debate mais amplo.
Queimamos etapas e democratizamos o debate. O PMDB defenderá
a aprovação do texto, com o compromisso de alterá-lo
em plenário.
Mas a oposição não aceita a tese. O líder
tucano, senador Arthur Virgílio (AM), adianta que PSDB e PFL vão
interferir em todas as fases de tramitação da reforma e
lutar por mudanças em vários pontos, especialmente nas regras
de transição e nas exceções para a cobrança
da contribuição previdenciária dos servidores aposentados
e pensionistas.
Relator rejeitou 290 emendasdos senadores
Para Virgílio, o governo aceitará as modificações
na reforma até para negociar com o próprio PT. O senador
Paulo Paim (PT-RS), por exemplo, quer novas regras na Previdência.
Ganhar tempo não é problema nosso, é deles.
Não estamos numa gincana para tirar nota 10 para o FMI diz
o tucano.
No parecer apresentado na semana passada, Tião Viana rejeitou
as 290 emendas dos senadores e manteve o texto aprovado na Câmara.
Se o parecer for aprovado, as modificações podem ser feitas
por meio de destaques, o que se traduzirá em longas votações,
como ocorreu na Câmara.
O comportamento da oposição nas votações
da reforma da Previdência dependerá dos acordos em torno
da reforma tributária. Para o PSDB, por exemplo, a possibilidade
de não emperrar a proposta cresce se for aceita a idéia
de fatiar a tributária, deixando-se questões polêmicas
como a nova legislação do ICMS e a definição
do local de cobrança do tributo, se no destino ou na origem das
mercadorias para depois.
Lula vai encontrar-se com governadores no dia 30
Na semana passada, o líder do governo, senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), admitiu que adiar a discussão em torno do ICMS é
uma hipótese factível na estratégia do governo, dada
a dificuldade de se chegar a um consenso, tamanhas as divergências
entre os estados.
No próximo dia 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tem um encontro com os governadores, quando será tentado um novo
entendimento. A reforma tributária será votada em segundo
turno na Câmara na quarta-feira, em sessão extraordinária.

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