quarta-feira, 22 de outubro de 2003
O Globo
IR: governo retira urgência de
projeto
Isabel Braga
BRASÍLIA. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha
(PT-SP), abriu a sessão de ontem lendo requerimento enviado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo a retirada da urgência
constitucional do projeto que mantém em 27,5% a alíquota
máxima do Imposto de Renda da Pessoa Física e não
corrige o valor da tabela para 2004.
O governo foi obrigado a retirar a urgência porque a proposta estava
na pauta de votações de ontem e o relator, Antonio Cambraia
(PSDB-CE), pretendia apresentar um parecer que, além de garantir
um reajuste de 22% da tabela do Imposto de Renda, fixava em 25% a alíquota
máxima.
Lula já recebeu carta pedindo correção
da tabela
Ontem, por intermédio de seu porta-voz, André Singer, Lula
confirmou que recebeu carta das cinco maiores centrais sindicais do país
pedindo a correção da tabela.
- O presidente está analisando o assunto - afirmou André
Singer.
A resposta se contrapõe ã afirmação categórica
feita anteontem pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de que não
havia previsão de correção. A oposição
viu na retirada da urgência constitucional um sinal de que o governo
irá negociar o reajuste da tabela. Para o vice-líder do
PFL, deputado Pauderney Avelino (AM), a pressão popular será
muito forte e o PT tem contra si o fato de sempre ter defendido, como
uma de suas bandeiras, a correção da tabela.
Ontem o plenário da Câmara discutiu duas medidas provisórias.
A primeira estabelece financiamentos para as empresas do setor elétrico,
evitando o reajuste das tarifas. A segunda, que revogava outra medida
provisória, foi amplamente criticada pela oposição.
O governo revogou esta medida para tentar evitar a obstrução
da pauta, tática usada pelo PFL para adiar a votação
da reforma tributária.

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