quinta-feira, 30 de outubro de 2003
O Globo
CCJ do Senado aprova a reforma tributária
Valderez Caetano e Catia Seabra
BRASÍLIA. Com o apoio do PMDB e sem grandes resistências
do PSDB e do PFL, o governo conseguiu vencer ontem o primeiro round da
guerra da reforma tributária no Senado, com a aprovação
do relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR), em votação
simbólica, na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ). Apesar das críticas do PFL e do PSDB, que apresentaram propostas
alternativas, o texto aprovado tem pontos polêmicos, como a cobrança
progressiva do imposto sobre herança e a manutenção
da possibilidade da criação do chamado selo-pedágio.
Jucá também estendeu o Supersimples a agricultores e a microempresários
que estejam na informalidade.
O relator ampliou ainda a isenção do ICMS ou a redução
da alíquota para 4% para material básico de construção
civil, consumo de energia elétrica residencial e rural até
cem quilowatts mensais, vestuário e material vendido em feiras
livres. Pelo texto aprovado na Câmara, somente seriam beneficiados
com a alíquota reduzida os produtos da cesta básica e remédios.
O relatório aprovado na CCJ também prorroga até 2007
a CPMF com alíquota de 0,38% e a desvinculação das
Receitas da União (DRU) em 20%.
Queremos desonerar os pobres e compensar com aqueles que têm
renda e riqueza, daí a resistência do PFL à proposta.
Para fazer justiça fiscal, é preciso que se volte a tributar
o patrimônio disse o líder do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP).
Consenso para o Supersimples
Uma das pontos aprovados de maior consenso é a ampliação
do Supersimples, que vai permitir que micro e pequenos empresários
façam apenas um procedimento para pagar impostos. A carga tributária
para esses segmentos deverá cair pela metade. O projeto isenta
do pagamento do ICMS, ou da redução da alíquota,
os insumos agrícolas, para impedir que os impostos sejam repassados
ao custo final da cesta básica.
As contas telefônicas de micro e pequenas empresas também
terão o imposto reduzido. O relator retira do texto aprovado a
progressividade do Imposto Territorial Rural (ITR). Pelo relatório,
o ITR terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular
a manutenção de propriedades improdutivas, mas suprimindo
a progressividade. Já o imposto sobre herança será
progressivo e terá as alíquotas estabelecidas em lei complementar,
diferenciadas segundo o valor da herança, doação
e o grau de parentesco entre as partes.
Fim da guerra fiscal em
2015
Se aprovada a proposta de Jucá , os incentivos fiscais dados pelos
estados até 30 de abril inclusive os destinados à
área cultural serão mantidos por mais onze anos,
ou seja, até 2015. Já os incentivos concedidos entre 30
de abril e 30 de setembro deste ano terão de ser avalizados pelo
Senado 60 dias após promulgada a nova lei.
O fundo de desenvolvimento regional (FDR) foi aprovado da mesma forma
que na Câmara. Cerca de R$ 2 bilhões serão repassados
às regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Noroeste do Rio
de Janeiro, via financiamento bancário. Jucá considera relevante
a discussão de um formato para recompor as perdas de receitas alegadas
pela governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, com a cobrança
do ICMS no destino.

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