Terça-feira, 11 de novembro
de 2003
O Globo
Governo retoma diálogo com a oposição
para aprovar reformas
Por enquanto, texto da Previdência tem 47 votos favoráveis
Adriana Vasconcelose Cristiana Lôbo*
BRASÍLIA. Após o embate da semana passada na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ), o governo conseguiu
retomar ontem o diálogo com a oposição na tentativa
de viabilizar a aprovação das reformas da Previdência
e tributária no Senado. Um primeiro levantamento apresentado ontem
pela senadora Roseana Sarney (PFL-MA) ao chefe da Casa Civil, José
Dirceu, mostra que o governo precisará de parte dos votos da oposição
para aprovar as duas propostas. Na Previdência, por exemplo, a senadora
só computa como certos 47 votos pró-governo.
Roseana não inclui nesta lista de 47 votos pelo menos seis representantes
da base governista: os petistas Paulo Paim (RS) e Heloisa Helena (AL),
e os peemedebistas Papaleo Paes (AP), Sérgio Cabral (RJ), Mão
Santa (PI) e Ramez Tebet (MS).
Roseana vai ajudar governo a mapear votos
Especialista em projeções de votações importantes,
Roseana está disposta a ajudar o governo a mapear os votos que
terá tanto na votação da Previdência como na
tributária. Embora o levantamento ainda esteja no início,
é certo que o governo terá dificuldades, não na aprovação
do texto base, mas na votação de destaques.
A oposição sabe disso e deverá investir, especialmente,
na apresentação de destaques supressivos. Essa é
a estratégia traçada para enfrentar o primeiro turno da
reforma da Previdência. Esses destaques podem ser aprovados por
maioria simples e exigiriam que o governo, e não a oposição,
tenha de reunir 49 votos a favor.
Pefelista pedirá destaque para quatro temas
O líder do PFL, senador Agripino Maia (RN), adiantou ontem que
deverá pedir destaque supressivo para pelo menos quatro temas:
redutor das pensões, contribuição previdenciária
para servidores inativos, paridade para a aposentadoria dos atuais servidores
e subteto para os salários e aposentadorias nos estados. Esta última
mudança, aliás, conta com o apoio da bancada do PMDB.
Em audiências separadas com o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), os líderes do PFL, Agripino Maia (RN),
e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), recusaram-se a fechar um acordo
de procedimento e avisaram que vão pedir vistas amanhã do
parecer do senador Tião Viana (PT-AC) sobre as 192 emendas apresentadas
em plenário à reforma da Previdência. Com isso, deverá
ser adiada mais uma vez a votação da matéria em primeiro
turno.
A idéia do governo era votar amanhã na CCJ o parecer de
Viana sobre as emendas de plenário e até mesmo a chamada
PEC paralela, que reúne todas as mudanças propostas pelos
senadores à reforma da Previdência.
Mercadante se reuniu com relator e com oposição
No início da noite, Mercadante promoveu uma reunião entre
o relator da reforma tributária, Romero Jucá (PMDB-RR),
e representantes da oposição, como os senadores Tasso Jereissati
(PSDB-CE) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA). Da reunião, participaram
também Roseana e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Não foi fechado nenhum acordo, mas o governo prometeu dar até
a semana que vem uma resposta às reivindicações da
oposição.
(*) Da GloboNews.com

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