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Terça-feira, 25 de novembro
de 2003
O Globo
Fechado acordo da Previdência
Adriana Vasconcelos e Cristiana Lôbo*
BRASÍLIA. Para enfrentar com mais tranqüilidade o primeiro
turno de votação da reforma da Previdência hoje no
plenário do Senado, o governo convenceu ontem o governador do Rio
Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), a aceitar a manutenção
do texto da Câmara que estabelece três subtetos para os servidores
estaduais: o salário do governador como parâmetro para o
Executivo, o de deputado estadual para o Legislativo e o de desembargador
para o Judiciário. Essa era a exigência dos governadores
tucanos para que o PSDB não fechasse questão contra a reforma
da Previdência. A PEC paralela, porém, deverá dar
a opção para os estados que quiserem adotar um subteto único.
Com isso, a previsão feita pelos líderes governistas é
de que poderão garantir de 53 a 55 votos a favor do texto principal.
Nesse cálculo estão votos do PSDB e PFL, já que a
base só tem 45 votos considerados certos.
Ontem à noite, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, reuniu
os líderes para discutir as últimas estratégias para
a votação. Na pauta, também, a liberação
de recursos para acalmar os parlamentares da base. Os 45 votos dão
pouca segurança para a votação dos destaques, que
abordarão os temas mais polêmicos do projeto como a taxação
dos servidores inativos, o redutor das pensões e a flexibilização
das regras de transição para os funcionários públicos
que estão próximo da aposentadoria. Por isso mesmo, a estratégia
do governo é a de derrubar os requerimentos de destaque para votação
em separado, que exigem uma maioria simples e não os três
quintos necessários para a aprovação de uma emenda
constitucional.
PSDB e PFL não fecham questão
Pelo acordo fechado com Rigotto, o governo se compromete a incluir na
chamada PEC paralela, que reúne todas as sugestões de mudanças
dos senadores à reforma da Previdência, um dispositivo que
dará a cada governador a opção de manter os três
limites diferenciados para os salários e aposentadorias dos servidores
estaduais ou um subteto único, tendo como limite o salário
dos desembargadores, equivalente a 90,25% dos vencimentos dos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF), de cerca de R$ 17 mil.
Agora nós queremos o compromisso de todos os partidos para
aprovar a PEC paralela disse o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
Com o acordo, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio
(AM), que deverá reunir a bancada hoje cedo, já antecipou
que não pretende mais fechar questão contra a votação
da reforma da Previdência. Embora esteja disposto a encaminhar o
voto contra, Virgílio vai liberar a bancada para votar como quiser.
A expectativa do governo é de que bancada acabe rachando, o que
garantiria pelo menos seis votos de tucanos a favor do texto principal,
entre eles os dos senadores Tasso Jereissati (CE), Reginaldo Duarte (CE),
Eduardo Azeredo (MG), João Tenório (AL), Sérgio Guerra
(PE) e Siqueira Campos (TO).
O PFL também deverá reunir a bancada hoje cedo e o líder
do partido, senador Agripino Maia (RN), promete encaminhar o voto contra
a reforma da Previdência, mas sem fechar questão. O governo
estaria contando com pelo menos nove dos 17 votos da bancada pefelista,
entre eles os dos senadores Edison Lobão (MA), Roseana Sarney (MA),
João Ribeiro (TO), Maria do Carmo (SE), Romeu Tuma (SP) e Jonas
Pinheiro (MT), além dos baianos Antonio Carlos Magalhães,
César Borges e Rodolpho Tourinho.
(*) Do GloboNews.com
COLABOROU Gerson Camarotti
Mobilização
intensa na base do governo
BRASÍLIA. O dia ontem foi de intensa mobilização
na base governista para garantir a aprovação hoje, sem sustos,
do primeiro turno da reforma da Previdência no Senado. Com a ajuda
da senadora Roseana Sarney (PFL-MA), o chefe da Casa Civil, José
Dirceu, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP),
mapearam os votos que poderão contar dentro e fora da base aliada.
Caberá hoje ao presidente nacional do PT, José Genoino,
e ao líder da bancada petista, Tião Viana (AC), garantir
o mínimo de dissidência entre os 14 senadores do partido
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Genoino já avisou
que não libera ninguém para votar contra.
A expectativa é que a rebeldia fique restrita à senadora
Heloisa Helena (PT-AL), afastada da bancada e sob ameaça de expulsão
da legenda.
Esta semana é decisiva. Vamos nos empenhar e a bancada
do PT é fundamental. Queremos que ela vote unida. Não vamos
liberar o voto de ninguém antecipou Genoino.
Até ontem à noite o senador Paulo Paim (PT-RS) fazia mistério
sobre seu voto. Alegava que não havia decidido, sobretudo diante
da perspectiva de o governo barrar a votação de todos os
destaques que forem apresentados ao texto principal. Apesar das ameaças
de que poderia votar contra, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), recuou
ontem e afirmou em discurso no plenário que votará com o
governo.
Neste momento quase que de desespero, digo que precisamos ter
fidelidade partidária, sim. Eu que construí minha vida no
PT não vejo outra alternativa. Não quero que me considerem
traidora. Traição, para mim, é deixar o PT ir para
a direita, é descarrilar em rumos contrários ao que o povo
desejou e almejou que o país tomasse com a posse do presidente
Lula desculpou-se.
Planalto conta com 21 votos no PMDB
Dentro do bloco de apoio ao governo, o Planalto conta com os três
votos do PSB, três do PTB e três do PL, além dos 13
do PT. Também entram nessa contabilidade a favor os dois votos
do PPS. No PMDB, a expectativa do governo é de garantir 21 dos
23 votos a favor do texto principal. As únicas dissidências
seriam as dos senadores Sérgio Cabral (RJ) e Mão Santa (PI).
Esse número deverá subir para três na votação
do destaque da taxação de inativos, tendo em vista que o
senador Papaleo Paes (AP) já avisou que nesta questão o
governo não deverá contar com o seu apoio.

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