Terça-feira, 09 de dezembro
de 2003
O Globo
Senadores de oposição
criticam Lula por atribuir responsabilidade das reformas aos políticos
GloboNews.com
Agência Senado
BRASÍLIA - As declarações do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no Oriente Médio atribuindo aos políticos
a responsabilidade pelos resultados das reformas tributária e da
Previdência irritaram parlamentares de oposição. Pelo
menos três deles, os senadores José Agripino (PFL-RN), Álvaro
Dias (PSDB-PR) e José Jorge (PFL-PE) se manifestaram contra a postura
do presidente.
O senador José Jorge foi à tribuna reclamar e citou a crise
interna no PT para provar que as reformas são as que o governo
quer ver aprovadas.
- Eu protesto contra essa declaração. As reformas são
do presidente, não dos políticos. Aqui só se aprovou
o que o governo queria. Na reforma da Previdência, foram feitas
mais de 300 emendas no Senado e o governo não aceitou uma sequer.
Tanto é verdade que o PT está expulsando a senadora Heloísa
Helena e três deputados que votaram contra a orientação
do Palácio do Planalto - observou José Jorge.
José Agripino se disse preocupado. Para ele, Lula está
deixando algo no ar algo, o que preocupa muito os brasileiros pois o presidente
"não cumpriu promessas" e ainda está agravando
a situação com a elevação de impostos antes
mesmo da reforma.
- Se não é, qual é então a reforma que ele
deseja? E porque ele falaria isso agora? - indagou.
Agripino disse que quer uma reforma tributária que desonere a
produção e que produza empregos e que o seu partido vai
propor a supressão de todos os dispositivos da reforma que aumentam
a carga tributária.
Para Álvaro Dias, o presidente da República sabe que essas
reformas não engrandecem seu governo, "por isso, quer jogá-las
nas costas largas do Congresso".
- Isso não é verdade, o projeto original veio do governo
e as 300 emendas apresentadas pelo Congresso foram solenemente ignoradas
- ressaltou.
Na opinião do senador, é fácil para o presidente
responsabilizar o Congresso, uma vez que a credibilidade da instituição
está baixa. Dias disse reconhecer que o Legislativo tem culpa por
não ter conseguido aprovar uma reforma política para torná-lo
mais forte.
- Fomos vencidos pelo corporativismo e ficamos bem mais fracos - analisou.
Em aparte, o senador João Capiberibe (PSB-AP) afirmou ser incorreto
chamar de reformas os projetos de emenda constitucional em votação
no Congresso, porque eles não implicam mudanças estruturais.
"São meros remendos", observou.
Acordo para o fim da
guerra fiscal passa por Sarney
Cristiana Lôbo - GloboNews.com
BRASÍLIA - Os entendimentos do governo do Maranhão com
um grupo chinês para instalação de uma siderúrgica
no estado estão influenciando a construção do acordo
da reforma tributária, especialmente nos prazos para o fim da guerra
fiscal. A fórmula que está sendo submetida ao presidente
do Senado, José Sarney (PMDB-AP), prevê o fim dos incentivos
fiscais na data da promulgação da emenda com regulamentação
por lei complementar, de iniciativa do Senado, desde já incluindo
os projetos de infra-estrutura nos setores de siderurgia, refinaria, indústria
automotiva e petroquímica entre os que ficam com a transição
de 11 anos preservada no texto.
Essa lei complementar garantiria aos investidores chineses que eles não
serão prejudicados futuramente com possíveis mudanças
advindas da reforma.
- A guerra fiscal se encerra na promulgação da lei - afirmou
o relator da reforma no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Na reunião dos líderes dos partidos na tarde desta segunda-feira,
o PFL afirmou que uma parte do partido é contra a incidência
da Cofins sobre os produtos importados. O partido também quer questionar
a forma de repasse dos recursos da Cide (imposto dos combustíveis)
e do Fundo de Desenvolvimento Regional para os municípios, que
pela proposta do governo seria feito por meio de convênios com os
estados.
Emenda de redação
adia última votação da reforma da Previdência
Agência Senado
BRASÍLIA - Uma emenda de redação apresentada pelo
senador Efraim Morais (PFL-PB) adiou de terça para quarta-feira
a votação em segundo e último turno da reforma da
Previdência no Senado. O relator da reforma, senador Tião
Viana (PT-AC), informou que tentará apresentar seu parecer em Plenário,
evitando que a reforma tenha de voltar à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ).
O presidente da CCJ, senador Edison Lobão (PFL-MA), informou que,
se houver necessidade, convocará uma reunião extraordinária
da comissão para o final da tarde de terça-feira, para exame
do parecer do relator sobre a emenda de Plenário. Assim, será
possível que o Plenário faça no dia seguinte a última
votação da reforma previdenciária, permitindo a seguir
sua promulgação pelos presidentes do Senado e da Câmara.
Começa também na quarta-feira a discussão da emenda
paralela da Previdência cuja votação em primeiro turno
está prevista para o domingo.

|