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Sábado, 20 de dezembro de 2003
O Globo
REFORMAS:DIANTE
DO GOVERNO FH FOI AMENO, DIZ BERZOINI; MÉDIA MENSAL FOI A
MAIOR DOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Pedidos de aposentadorias mais do que dobram
Número de benefícios concedidos
a servidores públicos até 30 de novembro foi de 15.858;
ano passado foram 7.465
BRASÍLIA. A reforma da Previdência provocou uma corrida
de funcionários públicos pela aposentadoria. Segundo dados
da Secretaria de Recursos Humanos, vinculada ao Ministério do Planejamento,
o número de aposentadorias concedidas até o dia 30 de novembro,
15.858, representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram
dados 7.465 benefícios. Ainda em comparação a 2002,
a média de aposentadorias novas por mês aumentou significativamente,
passando de 622 para 1.442.
É a maior média dos últimos cinco anos. A correria
fica mais evidente se comparada à evolução de pedidos
de aposentadoria desde 1999, quando a média mensal foi de 732.
O número caiu para 496 no ano seguinte, subindo para 519 em 2001.
Ainda de acordo com o levantamento do governo, o maior volume de aposentadorias
se concentrou em agosto, quando houve a votação da reforma
da Previdência na Câmara: foram 2.943 aposentadorias naquele
mês, quase seis vezes mais do que as 554 concedidas no início
do ano. Segundo os dados da secretaria, houve aumento do número
de aposentadorias a partir de maio, quando o texto da reforma começou
a ser discutida no Congresso.
Média mensal foi o dobro de 2002
No dia 30 de abril, a proposta foi enviada à Câmara. Ao
longo daquele mês, foram concedidas 697 aposentadorias. No mês
de maio, esse número subiu para 1.861. Até julho, a média
de aposentadorias concedidas por mês era de 1.169. A aprovação
da reforma na Câmara coincidiu com o aumento de novos benefícios.
Pelos números do governo, o volume de requerimentos foi caindo
gradativamente de agosto até novembro (1.131). Como o texto só
foi aprovado no Senado nos dias 26 de novembro e 11 de dezembro, esse
levantamento ainda não dá a dimensão do impacto total
da reforma.
A média mensal foi o dobro do ano passado. Mas diante do
governo Fernando Henrique Cardoso foi, digamos, ameno disse o ministro
da Previdência, Ricardo Berzoini, referindo-se à inclusão,
no texto da reforma, de medidas que estimulam a permanência do servidor
em atividade, como a anistia dos 11% de contribuição previdenciária
para quem ficar na ativa ainda que com direito a se aposentar.
Mudanças afastam servidor
No início do ano, eram 603.879 os servidores públicos civis
da União. Em 1995, o total geral incluídos os 320,8
mil militares da ativa era de 1,033 milhão. De lá
para cá, o universo de servidores caiu, especialmente em 1995,
1996 e 1997, anos em que a reforma previdenciária de Fernando Henrique
Cardoso tramitava no Congresso, confirmando a tese de que as mudanças
afugentam o servidor.
Em 1995, quando a reforma começou a ser discutida, foram 34,2
mil concessões, média mensal de 2.854. No ano seguinte,
a média mensal caiu para 2.296, 27.546 por ano. E baixou para 2.055
mensais em 1997. Em 1998, foram 19.755 aposentadorias por mês,
1.646. Já em 1999, esse número caiu significativamente:
8.783 anuais.
Os números do governo mostram ainda que, a partir de agosto, aumentou
a quantidade de servidores que optaram por benefício proporcional.
Em fevereiro, antes do envio da reforma ao Congresso, 62,3% dos servidores
obtiveram aposentadoria integral: esperaram para cumprir os pré-requisitos
exigidos para ter direito a benefício igual ao vencimento da ativa.
Em outubro, esse percentual baixou para 41,1%.
Em abril, mês que antecedeu a discussão da reforma da Previdência
no Congresso, 425 das 667 aposentadorias concedidas eram benefícios
integrais, representando 61% dos pedidos autorizados. Em novembro, esse
percentual caiu para 43,1%.
A partir de agosto, o volume de de pedidos de aposentadoria proporcional
antecipação do pedido, com valor menor do que na
ativa cresceu muito.
Em janeiro, eram 17% do total de aposentadorias. Em maio, passaram a
ser 34%. Em setembro, 40%, e em outubro, 42,9%. Em novembro, o índice
caiu para 38,8%. O registro do governo traz ainda duas outras categorias
de aposentadorias: a compulsória (434 no ano) e por invalidez (2059
no ano).
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