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quarta-feira, 10 de setembro de 2003
TRIBUNA
DA IMPRENSA
Paim: reforma da Previdência desestrutura
o funcionalismo
BRASÍLIA - O senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou
ontem em plenário um documento mostrando que a imensa maioria dos
estados brasileiros sofrerá uma desestruturação de
seu funcionalismo se o texto da reforma da Previdência for mantido
como veio da Câmara dos Deputados para o Senado. O documento cita
o Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito
Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná, Paraíba,
Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe
e Distrito Federal.
Paim citou principalmente o subteto como fator capaz de
desencadear problemas nos estados. "Por isso, defendo uma negociação
realista da proposta do governo aqui no Senado", disse Paim. O senador
apresentou também outro documento, da Confederação
Brasileira de Municípios, que aponta defeitos no texto da reforma
tributária capazes de criar uma "verdadeira anarquia"
nos municípios.
"A reforma tributária, como está proposta,
favorece muito os estados, mas prejudica os municípios. Por isso,
haverá um ato público com mil prefeitos na rampa do Congresso
Nacional hoje, quando serão apresentados os pleitos dos municípios",
informou o senador.
Paim aproveitou para responder a um artigo da jornalista
gaúcha Rosane de Oliveira, intitulado "Dois pesos, duas medidas",
em que ela acusa o Partido dos Trabalhadores de dar a ele, Paulo Paim,
tratamento diferente do que foi dispensado aos dissidentes que votaram
contra ou se abstiveram na Câmara dos Deputados.
"Quero dizer à Rosane que, sim, apresentei 20
emendas à reforma da Previdência, mas minha tradição
como político é a de negociador, e por isso tenho conseguido
resultados, como o Estatuto do Idoso e da Igualdade Racial, e a grande
maioria das emendas que foram aprovadas na Câmara dos Deputados,
por meio de negociação, eu mesmo já tinha sugerido",
encerrou o senador.
(Agência Senado)
Oposição
obriga governo a recuar e debater mais reforma da Previdência
BRASÍLIA - Os líderes do governo no Senado
foram obrigados a ceder, ontem, na tramitação da reforma
da Previdência e concordaram com a realização de duas
audiências públicas na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) para discutir a proposta. Inicialmente, o governo
pretendia fazer apenas uma audiência pública, mas teve de
recuar e atender à reivindicação dos aliados e da
oposição para que a reforma seja mais debatida na CCJ. Hoje,
o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, se reúne com
os líderes dos partidos aliados ao governo no Senado para pedir
pressa na tramitação da Previdência.
"Pode ter pressa, mas sem açodamento. Não
com apenas uma audiência pública como eles queriam",
disse o líder do PDT, senador Jefferson Perez (AM), depois de reunião
do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com os líderes
dos partidos aliados e de oposição para discutir o calendário
de votação da reforma. "A Previdência já
foi exaustivamente debatida na Câmara", observou o líder
do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). As audiências
públicas deverão ser realizadas hoje à noite e na
próxima terça-feira.
Pelo cronograma acordado ontem entre o presidente Sarney
e os líderes partidários, a Previdência deverá
ser votada em primeiro turno no plenário do Senado no dia 8 de
outubro ou, no máximo, no dia 15. O relator da proposta no Senado,
Tião Viana (PT-AC), apresenta seu parecer à CCJ no próximo
dia 17 de setembro. No dia 24, a reforma deverá ser votada na Comissão.
A proposta segue, então, para o plenário, onde deverá
receber emendas dos senadores e será discutida durante cinco sessões.
Se tiver emendas, a reforma retorna à CCJ para que o relator apresente
seu parecer sobre as propostas de mudança.
"A nossa colaboração com a reforma da
Previdência será proporcional ao nível de aceitação
do relator das nossas propostas de emendas à reforma", afirmou
o líder do PFL, senador José Agripino Maia (RN). Mas ele
avisou que o PFL vai obstruir a tramitação da reforma, caso
o governo decida atropelar as discussões no Senado. Agripino Maia
disse ainda que o partido poderá usar a reforma da Previdência
para pressionar mudanças na reforma tributária, que deverá
chegar ao Senado daqui a duas semanas.
A tramitação conjunta das reformas da Previdência
e tributária no Senado preocupa do governo. Os governistas temem
que os partidos de oposição acabem usando a reforma da Previdência
para pressionar o Palácio do Planalto a ceder na reforma tributária.
Mas eles estão confiantes na aprovação da reforma
pelos senadores uma vez que a proposta previdenciária conta com
os votos de parte dos partidos de oposição.
"O PSDB, por exemplo, está disposto a aprovar
a Previdência", afirmou Mercadante. "Tenho mais contradições
com a reforma tributária do que com a da Previdência. Mas
não quero tratolândia', reagiu o líder do PSDB, senador
Arthur Virgílio (AM), ao admitir que a maioria dos 11 senadores
tucanos deverá votar favoravelmente à reforma.
Protesto
Servidores federais fizeram um protesto ontem em Brasília jogando
truco com baralho cujas cartas trazem as fotos dos parlamentares que votaram
a favor da reforma da Previdência.

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