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Saber
vencer
Na política, como no futebol,
ninguém vence antes da hora. Também não perde de
véspera, a não ser que desista da disputa pelo meio do caminho.
Há dois caminhos para a desistência: o abandono formal, renunciando
ao pleito, ou simplesmente a entrega ao desânimo.
Estamos em plena jornada na busca
pelos direitos e conquistas que merecemos, sem modéstia, pela contribuição
relevante que damos à própria existência do Estado.
Sem a Receita Federal, não há como fazer o país funcionar.
Nossa jornada atual encerra-se no
prazo legal ou político para a votação da MP 2.175/29,
nem mais, nem menos. Se quisermos desistir formalmente e abandoná-la
a sua própria sorte, podemos fazê-lo, porém seria
incompreensível, diante das circunstâncias.
Se não é assim, então,
disputemos verdadeiramente esta MP, colocando à disposição
da causa todo o nosso empenho, todos os nossos recursos, inteligência,
força e poder de pressão. Não há meio termo.
Ou nos colocamos integralmente a serviço de nossos interesses coletivos,
comparecendo às assembléias, aderindo ativamente às
paralisações, telefonando aos parlamentares e pessoas influentes
no Congresso, integrando as caravanas e manifestações ou
seremos derrotados pela inércia, a mãe de todas as injustiças
evitáveis.
Mais que as vantagens e responsabilidades
de ser um Auditor-Fiscal da Receita Federal, o que está em jogo
é um determinado tipo de amanhã. É o sabor do dia
seguinte.
Verificamos, nos últimos dias,
um crescimento significativo de mobilização. Mas é
pouco, porque sabemos que muitos de nós não colocaram ainda
os pés nesta estrada. Paradoxalmente, reside aí a nossa
força, exatamente no quanto ainda podemos crescer. Ora, se nós
sabemos como vencer, que podemos vencer, por que ausentar-se da luta?
Vamos aprovar o relatório ainda este mês? Só depende
de nós, de cada um de nós.

Estrelas
do Amanhã
Um projeto social é
sempre um ato de coragem. De coragem e de acuidade.
Tão acostumados às mazelas
dos menos favorecidos expostas do trato diário principalmente pelos
meios de comunicação, nos deixamos levar numa espécie
de torpor ao fluxo das marés, armamo-nos inconscientemente de uma
couraça protetora a nos impedir de chagarmos ao desespero ou à
loucura, e tudo se nos apresenta qual historinha de gibi, com bastante
morte e bastante briga só no papel.
Se assim não é, os mais
arrojados, os mais heróicos se engajam naquilo que lhes cabe e
agem.
No morro Santos Rodrigues, vulgo do
Querosene, foi implantado o projeto Estrelas do Amanhã, que congrega
122 crianças, separadas por faixa etária (58 entre 4 e 6
anos e 64 entre 7 e 12) sob os cuidados de 7 educadores da comunidade.
Mas uma obra de tal vulto requer dinheiro
para prosperar. Os colegas pedem socorro. Com a modesta quantia de R$
15,00 por mês não só os AFRF mas também os
Auditores de outra áreas e demais servidores poderão dar
uma mãozinha a tão meritória proposta iniciada pequenina
e que anseia por crescer ainda mais.
O morro do Querosene é dos
mais carentes do Rio. Situado no Rio Comprido, há que se subir
uma escadaria de 100 degraus para adentrar ao núcleo populacional.
Isso os colegas tiram de letra. O intuito de ajudar é neles tão
premente que os impulsiona para cima (em todos os sentidos).
Ajudemos, colegas.
Um ato desses só nos
leva a ganhar. E nossos filhos e netos terão um ambiente melhor
onde viver, sem tantos injustiçados que todos os dias povoam as
páginas policiais de nossos periódicos perpetrando atos
de delinqüência nas mais variadas formas, quiçá
contra nossa própria família.
Vamos colaborar?
Contatos com Ney ou Eridan em nosso Sindicato ou através
dos e-mails
emvp@uol.com.br (Eridan Passos)
ney@plugue.com.br (Ney Coelho)
Alda Estellita Lins
Cartas para esta coluna:
jornalismo@unafisco-rj.org.br

Informe
jurídico
GDAT
na aposentadoria
A 1ª turma do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região rejeitou por unanimidade apelação
da União contra a decisão que estendeu o pagamento da GDAT
aos aposentados e pensionistas e, portanto, os 30% deferidos já
estão garantidos.
No entanto, a extensão do percentual
relativo à avaliação institucional (até 20%)
foi negada. O relator entendeu que os aposentados e pensionistas têm
direito à percepção da GDAT nas mesmas condições
dos servidores em atividade. No entanto, aplicando essa regra de igualdade,
entendeu que, com base no disposto no artigo 6o, alínea "b",
do Decreto 3.390/2000, que define o percentual a ser pago ao servidor
em atividade que não está em efetivo exercício em
30%, este também seria, segundo o juiz, o percentual a ser pago
ao servidor aposentado. O juiz, ao admitir os 30%, impõe uma derrota
à principal tese do governo federal para não estender a
gratificação aos nossos colegas da maior idade.
Os advogados do Unafisco Sindical
aguardarão a elaboração do acórdão
pelo tribunal para adotar as medidas cabíveis, inclusive embargos
de declaração para o próprio TRF, visando ao recebimento
dos 20% restantes.
Aposentados
mobilizados
Os aposentados têm marcado
efetiva presença nas assembléias e manifestações
pela aprovação do relatório da MP 2.175/29, que restabelece
a paridade entre ativos e aposentados. Esta união foi alvo de consideração
pela Juíza Federal Maria Salete Macaloz, em palestra na DS/RJ:
"O governo quer nos dividir de todas as formas, a começar
por ativos e aposentados. Não podemos permitir". O presidente
do Unafisco Sindical, Paulo Gil, reforçou: "Aqui tratamos
de assuntos de aposentadoria, que interessam a todos, e não simplesmente
aos que já se aposentaram. Toda a categoria está unida e
solidária".
Espaço
dos Associados tem inauguração concorrida
Os Auditores-Fiscais prestigiaram
a inauguração do Espaço dos Associados na sede da
DS/RJ, lotando o Auditório para as palestras que abriram a programação.
A partir de agora, no 4º andar, há uma sala inteiramente à
disposição dos associados. O presidente do Unafisco Nacional,
Paulo Gil Hölck Introíni, abriu a cerimônia fazendo
um retrato bastante atual do país. A partir do resgate das políticas
públicas no Brasil desde a década de 90, Paulo Gil mostra
como chegamos ao novo século: com acentuados problemas sociais,
fragilidade econômica e uma política de atrelamento aos desígnios
do FMI que impedem o desenvolvimento de nossas melhores potencialidades.
Em seguida, Paulo Gil passou a palavra
à primeira convidada, a Juíza Federal Maria Salete Macaloz,
que abordou o tema Direitos Adquiridos. Com sua habitual veemência
e presença de espírito, a Dra. Salete Macaloz mostrou os
caminhos percorridos pelo atual governo para retirar os direitos dos trabalhadores,
direitos conquistados ao longo de muitos anos de luta. A juíza
acredita que o maior alvo do governo neste momento é a aposentadoria
integral dos servidores públicos. Depois de mostrar como o governo
assaltou o bolso dos contribuintes da previdência geral, avisou:
"O governo quer nos dividir entre ativos e aposentados, quem ganha
mais, ganha menos, tem direito a isso e não aquilo. Não
podemos aceitar." A juíza fez um alerta sobre previdência
privada: "Por sua natureza, ela é corrupta e fraudulenta".
Em seguida, o socioeconomista Marcos
Arruda fez uma exposição sobre a Dívida Pública
Brasileira. Segundo ele, nos últimos 7 anos a dívida externa
saltou de US$ 148 bilhões para US$ 273 bilhões. Já
a dívida interna pública saltou de R$ 59,9 bilhões
para R$ 641 bilhões. Para Arruda, a dívida, além
de impagável, é ilegítima, por inúmeras razões:
falta de controle, taxas de juros escorchantes, juros sobre juros, cálculos
suspeitos, dívidas contraídas ilegalmente etc. O professor
é um dos expoentes da campanha pela realização de
uma auditoria nas dívidas do Brasil, da qual o Unafisco faz parte.
Usando transparências, diversas vezes comparou os discursos do então
Senador Fernando Henrique Cardoso e as políticas de seu governo.
E concluiu: "O Senador Fernando Henrique seria oposição
ao governo FHC".
Entre outros prestigiados colegas,
estiveram presentes: os presidentes das DS de Belo Horizonte, Maria Lúcia
Fattorelli, de São Paulo, Marcello Escobar, de Vitória,
Marcelo Becacici Nunes, e de Niterói, Giovaldo Freire; Jorge Raggio,
da AFIPERJ, Edna Jorge, dos Auditores-Fiscais do Trabalho e Luiz Mário
Benhken, coordenador do Comitê-Rio do Fórum Social Mundial.
Após o encerramento das palestras, o público foi convidado
a um coquetel na nova sala dos associados, que ficará aberta de
2ª a 6ª, das 9 às 18h.

Curtas
SOCORRO
- A Folha de São Paulo cravou na manchete de capa do domingo, dia
21 de abril: "Socorro pós-privatização soma
R$ 3 bi". Ainda na capa você fica sabendo que este valor pode
chegar a R$ 9,4 bilhões. O BNDES, que comandou as privatizações
e financiou parte delas, gasta agora para sustentar as empresas que compraram
as estatais brasileiras a preço de ocasião. As tarifas de
energia, por exemplo, desde a privatização, subiram para
o cliente residencial 135,7%, contra uma inflação de 61,28%.
As "energéticas" ainda recebem indenização
pelo serviço que não prestou no racionamento. Depois do
Proer e do Proenergia, ainda pode vir o Proteles, para o setor de telefonia.
Enquanto o Risco-Brasil dispara, o Risco-Investidores desaba, tornando
o capitalismo brasileiro uma vergonha nacional.
PROVISÓRIO
- O Imposto de Renda foi criado em 1922 pelo engenheiro Souza Reis e deveria
durar apenas dois anos (sic). Já chegou a ter alíquotas
de 65%, já puniu os solteiros, para incentivar a formação
de famílias, e já ajudou a combater o calor, permitindo
a dedução de compras de ar-condicionado. Nos anos 30, para
sair do país era preciso provar que estava em dia com o Imposto
de Renda. Jornalistas, magistrados, professores e escritores eram isentos
até 1964. (Jornal O Globo, 29/04, pág. 17)
FRANÇA
- A Folha de São Paulo informou, no dia 4 de maio, sob o título
"França proíbe tapar o nariz na hora de votar":
eleitores da esquerda francesa, obrigados a votar em Chirac para derrotar
Le Pen, decidiram tapar o nariz na hora de votar ou ir votar de luvas,
"para não sujar as mãos com este voto". Chirac
enfrenta fartas acusações de corrupção. No
entanto, o Conselho Constitucional Francês proibiu e ameaçou
de prisão quem o fizesse, sob a alegação de que o
protesto infringiria o sigilo do voto, ameaçando com um ano de
prisão ou multa, que poderia chegar a R$ 33 mil. A terra da liberté
não merecia mais este desgosto.

Reivindicações
mobilizam
Auditores-Fiscais em todo o país
Os Auditores-Fiscais da Receita Federal
de todo o país vêm se mobilizando para pressionar a União
pelo atendimento das reivindicações da categoria. Percebendo
que o momento é favorável, pelos seguidos desgastes que
o governo de Fernando Henrique Cardoso vem sofrendo nos últimos
meses, os auditores-fiscais sentiram que este é o momento de buscar
a vitória e fortalecem o movimento com adesão progressiva
às mobilizações definidas nas assembléias.
A Semana de Mobilização,
entre os dias 8 e 12 de abril, foi marcada pela primeira paralisação,
de 24 horas, e pelo trabalho parlamentar desenvolvido durante a Caravana
do dia 10. O Rio de Janeiro levou para Brasília 47 colegas. A estratégia
surtiu efeito. Além de animar os AFRF, vários parlamentares
mostraram-se dispostos a acompanhar o relatório do Deputado Federal
Roberto Pessoa (PFL/CE), que corrige as distorções introduzidas
pelo governo na Medida Provisória 1.915, agora MP 2.175/29, entre
eles diversos líderes de partidos.
No momento do fechamento desta edição,
os AFRF tinham acabado de definir os próximos passos: nova paralisação,
agora de 72 horas, e uma segunda Caravana a Brasília, desta vez
com a meta de levar ao Congresso Nacional cerca de 600 colegas para conversar
diretamente com os parlamentares. As duas estratégias vêm
sendo desenvolvidas com resultados positivos. Aqui no Rio ainda houve
um Ato Público nas escadarias do Ministério da Fazenda com
a presença de todas as categorias envolvidas na MP.
Pressão gradual, corrida contra o tempo
O ano eleitoral produziu um mês
de abril recheado de movimentações políticas que
influíram, ou influirão, nas votações no Congresso
Nacional. O racha na base governista, principalmente entre PSDB e PFL,
trancou a pauta de votações e dominou a cena, com cartadas
dignas dos filmes de intriga hollywoodianos. Partidos e parlamentares
votam com um olho nas matérias e outro no vai-vem do prestígio
dos principais atores políticos.
Ao final do mês, à luz
do que nos interessa mais diretamente, o saldo é positivo. A CPMF
finalmente foi para o Senado e o Congresso aprovou o Projeto de Resolução
de Normas nº 5 (PRN 5), que normatiza a votação das
medidas provisórias anteriores a Emenda Constitucional 32, liberando
a pauta para a matéria que queremos levar ao Plenário.
Apesar destes avanços, a missão
que temos pela frente é árdua. Esta avaliação
está fundamentada na premissa de que o Congresso Nacional funciona,
na prática, apenas até o início das convenções
partidárias, no dia 10 de junho. Caso não seja colocada
em votação até esta data, a MP ficará provavelmente
para a próxima legislatura.
Em segundo lugar, trata-se de matéria
cara ao governo. Na avaliação do presidente do Unafisco
Sindical, Paulo Gil, a aprovação da MP nos termos originais,
como quer o governo, seria, no âmbito das carreiras atingidas, a
consolidação da Reforma Administrativa iniciada nos anos
90. Ao contrário, a aprovação do relatório
do Dep. Roberto Pessoa representaria o ponto de partida para derrotar
as teses do Estado Gerencial entronizadas na administração
pública brasileira pelo ex-Ministro Bresser Pereira. Daí
ser matéria de intensa disputa.
Interesses profissionais dos AFRF convergem com o interesse público
Neste ponto, as reivindicações
corporativas dos AFRF acabam tornando-se de grande importância para
toda a sociedade. O restabelecimento das funções de Estado,
por exemplo, é fundamental para fortalecer a fiscalização.
A independência dos Auditores-Fiscais é condição
sine qua non para evitar uma política de tributação
afunilada pela pressão dos poderes econômicos afetados. A
estabilidade deve ser mantida para evitar que interesses de governo se
sobreponham aos interesses de Estado. O reajuste do salário de
ingresso na carreira precisa atrair os melhores para manter a excelência
numa área nevrálgica para a política econômica
e social do Estado. A avaliação individual é outro
item inadmissível, que politiza a função de Estado.
Uma vitória nossa representa
um avanço considerável para os setores que não toleram
o desmonte do Estado brasileiro. Tanto maiores serão as nossas
chances, quanto mais a sociedade tiver conhecimento do que representa
esta votação.
A direção do Unafisco
trabalha com a perspectiva de que fazendo paralisações crescentes
seja inevitável a abordagem da questão. Há a necessidade
de manter a progressão do tempo das paralisações,
pressionar as lideranças pela votação e intensificar
os contatos com os parlamentares para obter um resultado favorável.
No ritmo atual, esta votação pode ocorrer entre os dias
15 e 22 de maio. A mobilização precisa estar no auge e manter-se
assim até que o relatório da MP seja votado e aprovado.
O respaldo nas assembléias
é crescente e a adesão tem sido muito boa, principalmente
nas aduanas. Em Uruguaiana e em Foz do Iguaçu as operações-padrão
e as paralisações causaram engarrafamentos de até
6KM. No Aeroporto de Cumbica, nos últimos dias, os colegas têm
alternado operação-padrão e paralisação
completa, mantendo a tradição de grandes mobilizações.
No Porto do Rio de Janeiro, em Viracopos, Campinas, e no Aeroporto Internacional
do Galeão, apenas mercadorias perecíveis e medicamentos
foram liberados. Em Santos, houve paralisação e ato público
em frente à Alfândega. Por todo o Brasil, os exemplos se
multiplicam: Corumbá (MS), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS),
Santana do Livramento (RS), São Paulo (SP), Vitória (ES),
Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Natal (RN), Araçatuba
(SO) e Campo Grande (MS) também estão firmes na mobilização.
Cada setor e cada AFRF é fundamental
na mobilização. Os colegas que estão no porto, no
aeroporto e nos plantões fiscais, ou seja, nas partes mais visíveis
do serviço, precisam contar com a adesão de todos os colegas
e sentir que este é um movimento de todos, feito por cada um, que
irá resultar em benefícios para todos, independente do setor
em que trabalha. A maneira mais rápida de destruir a mobilização
é não aderir com aquele velho e esfarrapado argumento "não
faz diferença eu fazer este despachozinho...". Faz diferença
sim. Faz muita.
Mobilização cresce no Rio de Janeiro
O bom comparecimento nas assembléias
nacionais e o sucesso do Ato Público aqui no Rio de Janeiro mostraram
que a disposição de lutar é grande. Por unanimidade,
foi decidido manter as paralisações. No Aeroporto Internacional
Tom Jobim, no Porto e na EADI de Nova Iguaçu, os colegas têm
dado uma demonstração de comprometimento inabalável
com o movimento. Na área de fiscalização, a adesão
é crescente. Os plantões fiscais têm permanecido fechados
em todas as paralisações, não apenas no Ministério
da Fazenda, mas em praticamente todas as agências. Em torno de 300
colegas têm comparecido às assembléias para ajudar
a tomar as decisões e avaliar as necessidades. No Ministério
da Fazenda, foram detectados problemas de mobilização em
algumas unidades. Com a ajuda de vários colegas, foram realizadas
reuniões setoriais, cujos frutos já são evidentes.
A DS/RJ avalia que está bom,
mas que pode melhorar e muito. Para o tamanho da briga, ainda somos poucos.
Uma derrota agora consolidaria as nossas perdas. A confiança na
vitória vem da certeza de que são raros os Auditores-Fiscais
indiferentes à banalização de suas funções
e ao achatamento salarial. Com a proximidade do prazo, esperamos contar
com a força máxima e impor ao governo sua merecida derrota.

Trabalho
parlamentar
Vamos
falar com todo mundo
O contato com os parlamentares prossegue
em busca dos votos pela aprovação do relatório da
MP 2.175/29. Diversas lideranças partidárias já se
manifestaram: Aécio Neves (PSDB), Ramez Tebet (PMDB), Michel Temer
(PMDB), Inocêncio de Oliveira (PFL), Efrahim Moraes (PFL), José
Dirceu (PT) e Wanderley Martins (PSB) assumiram compromisso conosco. Os
dois últimos garantiram inclusive os votos de toda a bancada de
seus partidos.
No Rio de Janeiro, muitos colegas têm
contribuído nos contatos com parlamentares, intermediando encontros
com a DS/RJ. Pedimos a todos os colegas que procurem engajar-se neste
esforço, telefonando, escrevendo e agendando reuniões com
os deputados para conversar sobre a MP.
Aqui no Rio, já foram contatados
Roberto Jeferson (PTB), Airton Xerez (PFL), Laura Carneiro (PFL), Dr.
Heleno (PSDB), Alexandre Cardoso (PSB), Miro Teixeira (PDT), Arthur da
Távola (PSDB) e o Deputado Wanderley Martins (PSB), sem contar
aqueles com quem falamos durante a Caravana em Brasília.
Durante o mês de abril, enviamos mais
de 6.000 aerogramas, com assinaturas arrecadadas nas reuniões setoriais.
Já os deputados Arthur Virgílio
(PSDB) e Ricardo Barros (PPB), respectivamente líder e vice-líder
do governo no Congresso, devem ser os principais articuladores dos interesses
contrários ao nosso. Ricardo Barros disse textualmente que o governo
quer aprovar a MP original sem modificações.
No próximo número, todas
as informações sobre a Caravana a Brasília realizada
no dia 15 de maio.

Plantão
Fiscal Alternativo agrada aos contribuintes
Com a maior parte dos plantões
fiscais fechados no último dia de entrega do Imposto de Renda,
os contribuintes que deixaram para tirar suas dúvidas em cima da
hora tiveram um tratamento VIP no sindicato. A DS/RJ organizou um Plantão
Fiscal Alternativo em sua sede e fez 397 atendimentos. Quem usou, gostou.
Sem filas, no ar-condicionado, com direito a água e cafezinho,
os contribuintes receberam uma boa recompensa por deslocar-se até
o centro da cidade para prestar contas com a Receita Federal.
A contribuinte Elizete Salustiano
compareceu ao Plantão Fiscal para tirar suas dúvidas sobre
o Imposto de Renda. O Agente Fiscal perguntou se ela encontrou fila. "Coisa
rápida" - respondeu. E o atendimento? "Muito bom".
Ela foi atendida pela colega Vera Lúcia e soube do Plantão
Fiscal Alternativo no Ministério da Fazenda.
O colega Paulo Fernando foi quem
atendeu Anicele Muniz, que aproveitou para pedir esclarecimentos sobre
CPF. Primeiramente, ela dirigiu-se ao posto de atendimento da Rua Pereira
Nunes, que estava fechado. O Agente Fiscal perguntou como foi o atendimento.
"Consegui a informação que queria. A administração
pública não está preparada para esta história
dos CPFs. Lá [na Pereira Nunes] já fiquei até 3 horas
esperando na fila" - disse ela. E aqui? "Foi ótimo. Excelente."
André Luis Paes de Oliveira
foi atendido pelo colega Yuri. "Fui muito bem atendido. Ótimo.
É o melhor" - disse confiante. Quanto tempo esperou? "Nem
um minuto".

Rápidas
Auditor-Fiscal lança CD com show no Teatro Rival
BR
O Auditor-Fiscal da Receita Federal,
Augusto Martins, lançou seu CD, no dia 06 de maio, no Teatro Rival
BR. Augusto canta Djavan e o CD tem participações especiais
de Aquarela Carioca, Beth Carvalho, Fátima Guedes, João
Donato, Leila Pinheiro, Seu Jorge e Yamandú. Quem se interessar
em adquirir o CD ou agendar um show do cantor, deve ligar para (21) 2542.3235.
Auditor-Fiscal eleito para o parlamento português
O colega Eduardo Artur Neves Moreira,
AFRF aposentado, foi eleito Deputado da Assembléia da República
Portuguesa. Desde 1997, ele era membro do Conselho das Comunidades Portuguesas,
organização que cuida dos patrícios que vivem fora
de Portugal. Nascido no Porto, Eduardo veio para o Brasil aos 7 anos de
idade e acabou tornando-se um importante militante das causas dos imigrantes
portugueses. Após ter se aposentado, o colega foi convidado a concorrer
ao cargo eletivo de Conselheiro das Comunidades Portuguesas, órgão
representativo dos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo e, sendo
eleito, veio a ocupar a função de Presidente Mundial do
Conselho.
No ano passado, surgiu o convite para
candidatar-se pelo Partido Social Democrata Cristão (PSD) a uma
das duas vagas do Conselho para deputado, tendo sido eleito com a expressiva
votação de 78.000 votos, vindos de portugueses residentes
em todas as partes do mundo. (Leia
em www.unafisco-rj.org.br a matéria completa)

Espaço
do associado
Atos Discricionários ou Arbitrários?
Recentes ações da administração
trouxeram a debate o exame da legalidade dos atos administrativos. Seriam
atos discricionários, como quer a administração,
ou arbitrários, como querem seus críticos? Neste texto não
analisaremos os atos em si, mas a classificação dos atos
na doutrina jurídica.
Os atos da administração
podem ser classificados, conforme a liberdade de ação concedida
ao administrador, em vinculados (ou regrados) e discricionários.
Para Hugo de Brito Machado (Curso
de Direito Tributário, 20ª edição. São
Paulo: Malheiros, 2002), nos atos vinculados o administrador não
desfruta de nenhuma liberdade: a lei estabelece o fim a ser alcançado,
a forma a ser observada, a competência da autoridade para agir,
o momento de agir, o conteúdo da ação. Nos atos discricionários
o administrador tem alguma liberdade de ação. A lei estabelece
o fim a ser alcançado, a forma a ser observada, a competência
da autoridade para agir, mas deixa em aberto o momento de agir e o conteúdo
da ação, ou seja, compete ao administrador avaliar a conveniência
e a oportunidade de sua ação. Nos atos arbitrários
o administrador age em desacordo com a norma jurídica.
Celso Antônio Bandeira de Mello
(Curso de Direito Administrativo, 14ª edição. São
Paulo: Malheiros, 2002) segue a mesma doutrina: ensina que nos atos vinculados
existe prévia e objetiva tipificação legal do único
comportamento possível do administrador em face de situação
igualmente prevista com absoluta objetividade. Este pratica o ato sem
qualquer apreciação subjetiva.
Nos atos discricionários a
lei faculta ao administrador certa liberdade para decidir-se em função
das circunstâncias concretas do caso, ou seja, ele pode - e deve
- utilizar de critérios próprios para escolher o que lhe
pareça ser o melhor meio de satisfazer o interesse público
que a norma legal visa realizar. Mas a liberdade do administrador não
é total: sua ação está contida nos exatos
limites que a lei e o ordenamento jurídico determinam.
Nos atos arbitrários o administrador
agride a ordem jurídica, ao agir fora do que lhe permite a lei.
Vejamos agora alguns exemplos na área
aduaneira.
Dada uma declaração
de importação corretamente formulada, cumpridas as exigências
legais, compete ao fiscal desembaraçar a mercadoria. Não
pode a autoridade avaliar nem a conveniência nem a oportunidade
desse desembaraço.
O ato é vinculado. Não
desembaraçar a mercadoria seria um ato arbitrário. Uma embarcação
sai sem autorização. O inciso II do artigo 522 do Regulamento
Aduaneiro determina que aplicam-se multas de 44 mil a 98 mil cruzeiros,
pela saída de embarcação ou outro veículo,
sem estar autorizado. A autoridade aplica uma penalidade de 60 mil cruzeiros.
O ato é discricionário. Não aplicar a penalidade
ou aplicá-la com valores fora dos limites previstos seria um ato
arbitrário.
Em outros casos é mais difícil
avaliar a legalidade ou arbitrariedade do ato, pois na lei não
estão definidos limites claros à ação do administrador.
Essa dificuldade não significa impossibilidade: há que se
consultar a finalidade do ato e até mesmo os princípios
gerais da administração pública, tais como os expressos
no artigo 37 da Constituição Federal: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade.
A lei permite que seja concedida autorização
para que o interessado armazene mercadoria de importação,
não nacionalizada, em local não alfandegado. Observemos
que uma das finalidades da Aduana é fiscalizar as mercadorias importadas
e exportadas, sem impedir o comércio internacional.
Para uma mercadoria de importação,
com características que a impeçam de ser armazenada no local
para tal, o administrador, munido de garantias razoáveis, pode
autorizar a exceção, atendendo ao fim último da Aduana.
Seria um ato discricionário. Se o fizer porque o importador é
um velho amigo que poderá dessa forma economizar os custos de armazenagem,
terá violado o princípios da moralidade e impessoalidade.
Este ato,
formalmente idêntico ao anterior, será arbitrário.
Paulo Werneck

A
MALDIÇÃO DOS PUBLICANOS
As forças econômicas, que
sustentaram e venceram o conflito capitalismo versus comunismo, buscam
estabelecer um mercado mundial uniforme, no qual não importa a
localização ou quaisquer características do consumidor
ou fornecedor, conquanto ele possa comprar o produto ofertado em base
mundial ou fornecer o insumo necessário. Isto se chama globalização,
que criou novas dicotomias conflitantes, sendo as principais: os inseridos
no mercado global versus os excluídos (ricos e pobres em base mundial)
e as corporações transnacionais versus os estados nacionais.
O estabelecimento de um mercado global conflita
naturalmente com a existência de Estados Nacionais em vários
setores, seja pela especificidade do sistema legal nacional, seja pelas
características sócio-culturais naturais que geram preferências
nacionais que competem com produtos e serviços padronizados ofertados
em base mundial, cuja introdução no país cumpre ao
Estado Nacional controlar através das aduanas. Assim, a afirmação
da identidade nacional e do Estado Nacional são obstáculos
à globalização.
A função do Estado, na satisfação
de necessidades materiais da sociedade, traduz-se na ação
econômica de crescimento, estabilidade e distribuição
da renda - sendo esta última a que mais afeta profissionalmente
ao Auditor Fiscal da Receita Federal face ao exercício, principal,
da função tributária num país em que a distribuição
da renda é extremamente injusta. Entretanto, o Estado, entendido
sob a ótica clássica do contrato social em que a nação
delega o poder de regulação e defesa através do uso
exclusivo de meios coercitivos a um grupo da sociedade, apresenta funções
igualmente relevantes e que são anteriores às condições
de satisfação das necessidades materiais. Assim, crescer
economicamente, de forma estável e distribuir a renda, pressupõem
possuir um território e mantê-lo de forma estável,
usando o recurso de força se necessário para manter a área
física, controlar o fluxo de pessoas, bens e valores.
Pode-se concluir que os agentes do Estado,
no exercício de funções típicas de Estado,
preliminarmente, dedicam-se: no plano externo, a fazerem-se respeitadas
as fronteiras, seja na relação inter-nações
na diplomacia, na relação com pessoas no serviço
de imigração, na relação com bens e direitos
no âmbito fiscal (aduaneiro ou nas remessas de valores ao exterior
) e em casos extremos - de caráter territorial - no âmbito
militar; no plano interno, a fazerem-se respeitados os deveres individuais
para manutenção do direito coletivo, em todo o espectro
da vida social.
Em casos extremos, no plano externo ou interno
às fronteiras do Estado, o uso legal da força, como meio
coercitivo para fazer cumprir a defesa da Sociedade, é inerente
à todo agente que exerce funções típicas de
Estado, seja por poder de polícia ou militar.
Décadas de gestão por
governos incompetentes na ação de distribuir renda e, principalmente,
a ausência de instrumentos de controle social da distribuição
de renda, geraram uma crise social expressa em fome e desemprego de milhões
de brasileiros, decorrente da imposição pelas elites sócio-econômicas
da supremacia de valores existenciais traduzidos em acúmulo, consumo,
e ostentação de riqueza, pelo que 10% da população
detém 50% da renda, diante de uma malta miserável que não
exclui a violência como meio de satisfação das necessidades
materiais, seja na invasão de propriedades e saques nas zonas rurais
ou nos assaltos e seqüestros nas zonas urbanas. A versão tupiniquim
da obra de Vitor Hugo, "Os Miseráveis", é vista
nas ruas.
Diante de tal situação,
ao revés da aceleração da ação distributiva
e do fortalecimento dos agentes do Estado incumbidos de funções
distributivas, como as exercidas pelo Auditor Fiscal da Receita Federal,
verifica-se atônito a solução originada na Comissão
Especial Mista de Segurança de uma proposta de emenda constitucional
(PEC 151-A), criticada por representações do Judiciário
e do Ministério Público, em que se fortalece as forças
policiais, concedendo-lhes o exercício exclusivo do poder de polícia
e até o controle de fronteiras em detrimento à ações
da Receita Federal, do Ministério Público, do Judiciário,
e em detrimento inclusive das forças armadas.
As conseqüências da crise
social gerada são usadas como motivo para a gestação
de um leviatã policial. Tal proposta deve ser necessariamente objeto
de ampla discussão com todos membros do Legislativo, além
de ouvidos o Judiciário e o Ministério Público, de
forma a equilibrar o uso de poderes coercitivo na República e salvaguardar
o estado de direito. Nós Auditores Fiscais da Receita Federal devemos
incentivar a discussão desta PEC 151-A em todos os fóruns
possíveis, estarmos atentos e preparados para apresentar propostas
que assegurem as prerrogativas da função, principalmente
na atuação nas fronteiras.
AFRF Atila Gomes
BSc. Economia / UFRJ, MSc. COPPEAD
e cursos no Instituto do FMI, UC Berkeley e
Escola Superior de Guerra.

Auditores-Fiscais
decidem ir à justiça
contra arbitrariedades da Receita
Os Auditores-Fiscais do Rio de Janeiro
decidiram em assembléia, com a presença de 270 colegas,
inclusive boa parte da administração, ir à justiça
contra o processo de lotação na Delegacia de Fiscalização
(DEFIC).
O sindicato sustenta que a remoção
excluiu fiscais sem qualquer justificativa e que não houve transparência
nos atos, configurando uma atitude arbitrária da Receita Federal.
A DS encaminhou pela proposição de ação coletiva
em nome de todos os associados, o que resultou na convocação
de assembléia para autorizar o sindicato a atuar no processo judicial
como substituto processual. Concordaram com esta tese 65% dos presentes.
O encaminhamento do sindicato foi
embasado em nota técnica encomendada ao jurista Marcelo Cerqueira,
ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, que considerou que
a falta de exposição de critérios definidos para
lotação pode configurar arbitrariedade no processo. Segundo
ele, a discricionariedade, no Estado Democrático de Direito, não
elimina a necessidade de motivação do ato.
A posição da DS/RJ em
relação ao assunto sempre foi a de que, mais que a exclusão
de determinadas pessoas, a condução do processo de lotação
abre grave precedente para a implementação, no futuro, de
atos arbitrários e persecutórios, colocando em risco a indispensável
independência que os AFRF devem ter para o desempenho de suas atribuições.
Antes de decidir-se pelo caminho
da justiça, a DS/RJ participou de diversas reuniões, inclusive
com auditores que não foram excluídos na nova lotação.
As correspondências enviadas à diretoria da Receita não
tiveram respostas satisfatórias. Em momento algum a superintendência
soube explicar os critérios para a definição do número
de AFRF e para a lotação na DEFIC, nem a nova metodologia
de trabalho. As correspondências
da DS/RJ para o delegado da DEFIC com as respectivas respostas estão
em nosso site. (www.unafisco-rj.org.br)

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